sábado, 25 de agosto de 2012

Livro: Evangélicos e periferia urbana

Companheiros e Companheiras de caminhada,
 
acaba de sair o livro "Evangélicos e periferia urbana em São Paulo e Rio de Janeiro: estudos de sociologia e antropologia urbanas" organizado pelo Prof. Dr. Paulo Barrera. Trata-se de resultados de pesquisa financiada pela FAPESP. Eu escrevi o último capítulo capítulo desta obra (Habitus de classe e vínculo religioso: um estudo sobre a igreja pentecostal Comunidade da Graça no ABC Paulista) e fiquei lisonjeado por participar. Espero que vocês apreciem este trabalho.
 
Para aquisição segue o site da editora: http://www.editoracrv.com.br/?f=produto_detalhes&pid=3552
 
Graça, paz e bem!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Saquear o inferno: que negócio é esse?



Na década de 1990 eu ouvi pela primeira vez  que a igreja fora chamada para “saquear o inferno” de uma mulher especializada em demônios, quebras de maldições, libertação, detecção de símbolos e sons diabólicos, visitas ao inferno e ao céu, etc. Logo pensei (sem dizer nada depois) que lhe faltava ter um encontro com Jesus, conhecer a Palavra e experimentar uma vida de santidade profunda. Há situações que a nossa única tarefa é orar.
 

Esse jargão “saquear o inferno” tornou-se moda em seguida. Especialmente com o uso por parte de um casal que iniciara um trabalho de anúncio do Evangelho numa igreja voltada para adolescentes e jovens. Como esta comunidade evangélica tinha muito poder, marketing e dinheiro a frase foi amplamente divulgada. Porém, com o passar dos meses a expressão caiu em desuso.


Recentemente, com o anseio de revitalizar a prática da evangelização e do testemunho cristão muitas igrejas retomaram a ridícula frase antibíblica. Primeiramente é preciso destacar que os(as) discípulos(as) de Jesus Cristo nunca receberam a ordem para saquear o inferno. Se o inferno é um lugar destinado futuramente a algumas pessoas, nada há nesse espaço para saquear hoje.
 

O máximo que podemos afirmar é que os indivíduos que habitarão o inferno passarão pela avaliação de Deus. Trata-se, por conseguinte, de uma ação exclusiva do Senhor. Nenhum(a) homem(mulher) tem autorização para por ou tirar nada do inferno (mesmo porque não há dados do que tem lá). O inferno, na perspectiva de Jesus, é um lugar para quem se apartou de Deus. Todavia, em nenhum lugar das Escrituras Ele comentou sobre alguém (com nome, CPF e RG) que lá estivesse.
 


O Senhor deu, por exemplo, algumas orientações tais como: “ser sal da terra e luz do mundo”, “pregar o Evangelho a toda criatura”, “amar a Deus e ao semelhante”. Então, declarar que “saquear o inferno” se assemelha a promover a salvação das pessoas é um verdadeiro absurdo em perspectiva cristã. Quem tem o controle sobre tudo é o Senhor e mais ninguém.

 
Contemplar homens e mulheres se entregando a Jesus Cristo é algo maravilhoso. Abençoar a sociedade com as sementes do Reino é digno. Irrigar os relacionamentos com o amor de Deus é correto. Nada disso se compara a saquear (roubar) o inferno. Saquear é roubo e, consequentemente, um erro. Como posso saquear alguma coisa de um lugar sem ter uma ideia mínima do que obterei?
 
Vamos compartilhar o amor de Deus. Vamos declarar que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Vamos deixar de lado este negócio de “saquear o inferno”. Façamos aquilo que está ao nosso alcance sem querer agir como se fossemos o Senhor do Universo.
 
Graça, paz e bem!