segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mais nobre do que o vil metal e os egoísmos dos "espertinhos"


Eu não sou a favor do capitalismo. Acredito que este sistema político-econômico só trouxe prejuízos aos relacionamentos interpessoais e ao planeta terra. No entanto, peço licença para usar um exemplo do mundo corporativo. Os grandes capitalistas não foram acometidos de bondade e solidariedade para com os funcionários, o único objetivo deles é lucrar. Para tanto eles procuram as pessoas com as qualificações certas para o exercício das mais variadas funções dentro de uma empresa. Talvez no passado os familiares e amigos dos empresários tivessem privilégios no ambiente do trabalho mesmo que fossem incompetentes. Hoje em dia não é bem assim. A maioria das corporações não aceita mais manter um empregado que não trabalhe com competência. Os capitalistas não queimam dinheiro, pois o uso adequado do tempo somado a alta produtividade e empenho costumam aumentar os rendimentos.

 

Agora pense. Igreja não é empresa. Se os integrantes da Igreja fazem algo, o intento é honrar ao Senhor em tudo. Igreja, até prova em contrário, é o povo de Deus que se reúne para cultuar e capacitar-se a fim de cooperar com a Missão do Senhor na sociedade. Deste modo, todos os membros da comunidade cristã recebem do Espírito Santo dons específicos para servirem. Diante disso reflita: Se Deus distribui dons conforme os seus propósitos, qual é a razão que leva várias comunidades cristãs a abrirem mão desta realidade e adotarem a lógica da malandragem, ou seja, de beneficiar os familiares e amiguinhos na distribuição das tarefas? Ou mesmo descambarem pela luta por poder eclesiástico e politicagens? Estas questões não têm a ideia de comparar Igreja com empresa, mas fazer lembrar que o povo de Deus objetiva algo incomparavelmente mais nobre do que o vil metal e os egoísmos dos “espertinhos”.

 

Na Igreja não se tem a permissão de desconsiderar a direção do Senhor. Se o Pai Celeste concedeu um dom a uma pessoa é para que esta trabalhe em uma área específica. Eu acho que isso não é difícil de entender e suspeito que nem é preciso desenhar para compreender com mais precisão. Não interessa o fato de que alguns acreditam que determinados serviços são melhores que outros. Deus abençoa cada qual em seu “setor”. No corpo de Cristo todos trabalham para o bem de todos. Há quem corra atrás de poder, status e riqueza, entretanto nada disso se relaciona à Igreja. A Igreja é séria. E na Igreja os mais maduros na fé cristã auxiliam os menos maduros porque o objetivo é promover o desenvolvimento de todos. Além disso, os mais maduros não se gabam pelo que já alcançaram, mas se alegram pelo privilégio de servir quem precisa. Uma vez que alguém recebeu um dom, faça o favor de honrar a Deus desenvolvendo-o e colocando-o a serviço do Senhor, da Igreja e da Sociedade.



Concluindo... Nas empresas a eficácia de ações, possibilitada por funcionários qualificados, é buscada com afinco. Vale lembrar que o alvo delas é o “Dinheiro”.  Já o alvo do corpo de Cristo é o “Reino de Deus”. Assim, por que as comunidades cristãs, pautadas por uma práxis superiora a estes materialismos de inspiração capitalista, não respeitam o Espírito Santo, acolhem os irmãos com seus dons variados e aloca-os nas áreas de trabalho (ministérios) corretas? A Igreja deixou de ver, julgar e agir a partir de Jesus Cristo?
 

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Mais vulneráveis, sem vergonha na cara ou as duas coisas?


Certa feita ouvindo uma palestra do Ariovaldo Ramos ele apresentou a todos(as) a hipótese de que o cristianismo evangélico no Brasil vivenciou um crescimento numérico muito grande e rápido, contudo foi pequena a oferta de uma formação profunda e sólida que contemplasse o estudo e o discipulado. Isso, na perspectiva dele, explicava o mau caráter de muitos(as) líderes e a superficialidade vivida por diversos membros das igrejas. As deturpações, explorações e desvios das lideranças seriam decorrentes de tal realidade. E a explicação para tanta falta de conhecimento bíblico-teológico, para tantos desequilíbrios espirituais e para tanto infantilismo de membros das comunidades cristãs seguiria a mesma linha de raciocínio. É fato que há carência de mais dados para se fazer ilações, no entanto aquilo que o Ariovaldo aponta faz muito sentido.

 

Por outro lado, não se pode esquecer que igrejas brasileiras tiveram o cuidado de oferecer uma  boa formação e um contínuo acompanhamento de líderes e membros. E nestas igrejas o que se percebe hoje é a gradativa abdicação do equilíbrio promovido pela reflexão, devoção e comunhão do povo. Os grupos e os líderes majoritários, com suas teologias esdrúxulas e suas práticas anti-Evangelho, tem cooptado mentes e corações de pastores(as) e integrantes das igrejas. Crescem as corrupções, as esquisitices e os interesses egoístas para o prejuízo de quem tenta se manter, com o auxílio do Espírito Santo, junto àquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. O Reino de Deus e a Igreja não perdem nada, porque estas coisas nada têm a ver com o Reino de Deus e a Igreja. Mas a sociedade brasileira, tão carente de referenciais, perde porque o Evangelho praticado e anunciado por gente comprometida é confundido com as canalhices “evangélicas” das grandes corporações “evangélicas” e seus governantes “evangélicos”.

 

Ao pensar nestas coisas eu tento entender a minha realidade e me acalmar diante de tantos devaneios. Fica mais fácil compreender porque tantas pessoas querem o poder nas igrejas, porque querem impor suas visões, porque com a boca proclamam alguns valores do Reino diante das plateias e nos bastidores jogam lama na cara de Cristo, desdenham do Povo de Deus e se metem nas mais podres politicagens. O falso evangelho, utilitarista, egoísta e explorador travestido em visões diabólicas mal fundamentadas em textos bíblicos, importadas dos grandes e visíveis “arraiais”, entram em nosso meio e corrompem aqueles(as) que são mais vulneráveis ou não tem vergonha na cara. Tais apontamentos poderiam ser problematizados com o aporte de um livreto interessante do sociólogo Richard Sennett, mas fica para outra oportunidade.

 

Hoje eu consigo entender porque os interessados pelo poder traem os seus colegas, enganam o povo de Deus e aqueles(as) que ainda estão engatinhando na fé. Hoje eu consigo entender porque estes lobos vorazes não têm Plano de Governo para o Bem de toda a Igreja. Hoje eu consigo entender porque esses canalhas não apresentam com clareza o que pensam sobre: Igreja, Espiritualidade, Reino de Deus, Poder Eclesiástico, Família, Meio Ambiente, Política, Economia etc. Hoje eu entendo que eles(as) fizeram tudo aquilo que Jesus Cristo não fez, ou seja: transformaram pedras em pães para se alimentar, adoraram o Diabo para ganhar os reinos deste mundo e se atiraram do pináculo do templo para que Deus obrigatoriamente mandasse anjos para lhes salvar. Triste.

 

Graça, paz e bem!