
O Mestre se valia dos recursos didáticos da
época. O seu ensino era marcado por histórias, exemplos, parábolas e metáforas.
Aliás, não podia ser diferente disso se de fato quisesse ser compreendido.
Cristo não abria mão dos fundamentos espirituais e por isso se relacionava com
todos sem medo. Esta postura fez com que Jesus fosse alvo de comentários
maldosos estrategicamente pensados como: comilão; beberrão; amigo de
arruaceiros, pobres, prostitutas, publicanos, doentes, vagabundos; etc.
A mensagem e os atos de Jesus eram adequados
à realidade das pessoas do primeiro século. Tamanha adequação fez com que políticos
e religiosos daquela época o odiassem e tramassem o seu assassinato. Por outro
lado, crianças, mulheres, analfabetos, intelectuais, pescadores, artesãos,
roceiros, comerciantes, pobres, ricos, descrentes e religiosos ao
experimentarem a libertação, o perdão e a salvação de Jesus passavam a amá-lo e
segui-lo.
Posteriormente, após a ressurreição, o
Espírito Santo continua atualizando a mensagem cristã, falando às pessoas em
seus contextos e suscitando líderes que estejam firmados no Evangelho, sejam sensíveis
à Sua voz, procurem atualizar a Mensagem para a contemporaneidade, confiem na
obra salvífica do Senhor, dêem respostas cristãs às demandas das pessoas que
vivem no século XXI e ajudem homens e mulheres a transformarem a Boa Notícia em
atos concretos.
Ao olhar para todas as palavras e ações do
Deus Trino na Bíblia concluo que Ele respeitou a existência e a cultura de cada
um dos seus servos. O Senhor esperava a melhor hora para agir, escolhia as
palavras certas e dava exemplos precisos por amor. Posso afirmar que Ele foi e
continua sendo um exímio hermeneuta.
Para que uma igreja seja relevante para o seu
contexto é de suma importância firmar-se no Evangelho, ousar dialogar com a
realidade e adequar-se à cultura das pessoas que serão evangelizadas. Para
tanto, a comunidade cristã não pode se fechar em seus modelos litúrgicos, em
seus preconceitos, em suas formas administrativas, em suas burocracias, em seus
tradicionalismos e em seus misticismos.
Apesar da existência de grupos cristãos que
se fecharam a ponto de enrijecer-se e rechaçar a realidade social e outros que
trocaram o Evangelho por um “Jesus” pós-capitalista, golpista e “desatador de
nós”, a Igreja de Jesus Cristo não pode se curvar a estas posturas. A Igreja
tem que levar a sério o lema da Reforma Protestante: “Igreja reformada sempre
reformando”.
Que Deus ajude a mim e a você a encarar o
mundo atual e a servi-lo segundo os valores do Evangelho.
Graça, paz e bem!