quinta-feira, 28 de junho de 2007

A Igreja maltratada

Às vezes a Igreja de Cristo é maltratada. Não é de hoje que uma instituição eclesiástica (que de quando em vez não tem cara de Igreja) precisa se ater a questões burocráticas, administrativas e legais. Em meio a tudo isto existem as infantis disputas pelo adulto poder adúltero (tão amplamente discutidas por Karl Marx, Max Weber e Pierre Bourdieu – só para exemplificar) que, embora legítimas, enojam aqueles/as que amam o Evangelho. Perdem-se nas burro-cracias, enfartam-se pelo poder-sem-amor-nem-pudor, extasiam-se quando dobram as nossas dobres leis dobradas e vangloriam-se pelo apaixonante vernáculo tecnicista de cunho juridiquês, administrês, teologiquês, economês indiscutivelmente mais apaixonado por si do que pelas simples Palavras Sagradas que libertam, curam, restauram e salvam. Não há cordis que consiga expressar tamanha ignomínia.

A oração poderia ser uma solução para tais bestialidades. (Desculpe-me, mas eu gosto de me iludir com a simplicidade-complexa das Boas Novas.) Se a Igreja precisa se adequar às exigências institucionais hodiernas está na hora dela fazer a parte que lhe cabe neste latifúndio conforme aprendeu quando ainda caminhava face-a-face com Jesus Cristo. Antes de decidir algo a confraria cristã age, ora, medita, discerne, age, ora... Para tanto, não dá para fazer as coisas com tanta-velocidade-e-superficialidade. Por outro lado, eu não estou falando daquela oração de descarrego que se faz tão mecanicamente antes das refeições para que gulosos corpos esfomeados se empanturrem o mais breve possível. Trata-se do ora et labora (ora e trabalha) como um estilo de vida. Orar para não cair-em-tentação. Orar para deixar de ser pior que uma besta e parceiro/a da Besta. Orar para discernir. Orar para agir. Orar para adorar e louvar. Orar para amar. Orar para viver. Orar para permanecer orando.

Ao orarmos nos achegamos a Deus e experimentamos um pouquinho do Céu. Sob a oração, usamos do poder para servir ao Senhor e ao/à próximo/a. Movidos/as pela oração nos valemos das muitas Ciências para bemtratar a Igreja. Passamos a ser portadores/as de uma Graça que transforma a tendência infernal de embrenharmo-nos no cinismo e atuarmos egoisticamente. Deixamos rastros de Céu por onde passamos. Rastejamos mesmo. Rastejamos a fim de que não nos esqueçamos da terra carente de vida e do Senhor de toda a Vida que, dentre várias outras coisas, do pó da terra fez gente como a gente. Que o Espírito Santo sopre nas empoeiradas Palavras de Vida e estas, por sua vez, nos ajude a viver em oração. Podemos começar como as crianças: Papai do Céu, muito obrigado...

Graça, paz e bem!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Testemunho e desabafo

Eu sou um homem que busca ser discípulo de Jesus Cristo. Os supostos rótulos "cristãos" (tradicional, pentecostal, carismático, progressista) não me servem, pois excluem, “marcam a ferro”, ferem, enganam e dividem. Tenho um pouco de cada, sem exageros e extremismos. Por isso basta-me tentar ser discípulo e assim ser chamado. Por outro lado, eu tenho a leve impressão de que as nomenclaturas “Católica, Ortodoxa e Evangélica” associadas à Igreja de Cristo não fazem muito sentido. Possivelmente a questão mais importante esteja em torno de quem é ou não seguidor/a Daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Confesso a você o seguinte: eu estou saturado dos combates violentos que se realizam entre grupos "cristãos" (ou será facções?) com tendências extremistas-egoístas-exclusivistas. Na maioria das vezes, os resultados destas pelejas são: mágoas, friezas, descrenças, traumas, cegueiras, ressentimentos, entre outras coisas negativas. Na minha perspectiva, a Comunidade de Discípulos/as deve se esforçar por viver a fé, a oração, a meditação, o jejum, o aprendizado, o cuidado, a evangelização, o testemunho, a partilha, o ensino e o respeito mútuos - em nome de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo.

Apesar de tudo... Deus continuará a nos olhar com misericórdia e amar profundamente a cada um/a de nós.

Graça, paz e bem!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Tempo de namorar

Hoje é dia dos casais de namorados (casados ou não)
Deixo um conselho a todos/as...

Homens: não presenteiem as mulheres com panela, ferro de passar ou coisas do gênero.
Mulheres: não presenteiem os homens com lenço de pano, chaveiro etc.

Comecem a exercitar o romantismo hoje. Lembrem-se: um presente marcante não é sinônimo de gasto exorbitante. Façam uso da criatividade e do bom gosto.

Aproveitem bem este dia. Carpe diem! Espero não ter que tratar no gabinete pastoral ou no divã virtual de nenhum problema concernente à não observação do conselho dado acima.

Que Deus abençoe a todos os casais.

Graça, paz e bem!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Por falar em greve...

Aproveitando esta “onda de greve” – Parte 1

Por que o povo cristão não encabeça uma greve nacional pelo fim do descaso com a saúde pública e o abuso na saúde privada? Da educação tão descuidada e mal amada? Da corrupção e descomedimento realizados tão descaradamente no setor político? Do aumento dos salários dos/as políticos/as brasileiros/as? Da destruição desenfreada da natureza? Da fome? Do desrespeito aos/às idosos/as? Da prostituição infantil e juvenil? Da disparidade social? Da crescente marginalidade? Do desprezo às pequenas empresas e favorecimento de grandes empresas? Do desamor para com a maioria dos/as trabalhadores/as deste país? Da má distribuição de renda? Do crescimento da pobreza? Do direito vendido? Do dever esquecido? Da banalização da vida?

Obs.: Permitam-me uma pausa, pois a lista é enorme.

Aproveitando esta “onda de greve” – Parte 2

Por que o povo cristão não encabeça uma greve eclesial pelo fim de um descompromisso com o Evangelho do Reino? De uma liderança clériga e leiga mercenária? De um exercício do poder sem amor? De um desequilíbrio entre experiência, tradição, reflexão e testemunho? Dos excludentes rótulos “cristãos” (tradicional, pentecostal, carismático, progressista)? Das enganadoras-reducionistas-exageradas linhas teológicas (ortodoxa, neo-ortodoxa, liberal, neoliberal)? Das barganhas com Deus? De um vínculo nefasto entre a fé e o neocapitalismo selvagem? De um majoritário silêncio profético? De um superficial avivamento? Da graça transformada em des-graça? De tendências aos tradicionalismos, avivalismos, progressismos, institucionalismos, conservadorismos, partidarismos, legalismos, cerimonialismos, emocionalismos, superficialismos, espiritualismos, narcisismos, intelectualismos, plasticismos, crentismos, cretinismos, esquisitismos, entre outros ismos?

Obs.: Tais indagações têm me incomodado nos últimos tempos... Tendo em vista os questionamentos supramencionados, uns amigos meus “pentecostais” (e, às vezes, “hexacostais”) diriam algo parecido com isto: “Fala Deus!”. Enfim, essas perguntas são fruto de um confronto que faço de mim mesmo e da realidade social contemporânea com os ensinos de Jesus Cristo.

Graça, paz e bem!