Eu não sou a favor do capitalismo. Acredito que
este sistema político-econômico só trouxe prejuízos aos relacionamentos
interpessoais e ao planeta terra. No entanto, peço licença para usar um exemplo
do mundo corporativo. Os grandes capitalistas não foram acometidos de bondade e
solidariedade para com os funcionários, o único objetivo deles é lucrar. Para
tanto eles procuram as pessoas com as qualificações certas para o exercício das
mais variadas funções dentro de uma empresa. Talvez no passado os familiares e
amigos dos empresários tivessem privilégios no ambiente do trabalho mesmo que
fossem incompetentes. Hoje em dia não é bem assim. A maioria das corporações
não aceita mais manter um empregado que não trabalhe com competência. Os
capitalistas não queimam dinheiro, pois o uso adequado do tempo somado a alta produtividade
e empenho costumam aumentar os rendimentos.
Agora pense. Igreja não é empresa. Se os
integrantes da Igreja fazem algo, o intento é honrar ao Senhor em tudo. Igreja,
até prova em contrário, é o povo de Deus que se reúne para cultuar e
capacitar-se a fim de cooperar com a Missão do Senhor na sociedade. Deste modo,
todos os membros da comunidade cristã recebem do Espírito Santo dons
específicos para servirem. Diante disso reflita: Se Deus distribui dons
conforme os seus propósitos, qual é a razão que leva várias comunidades cristãs
a abrirem mão desta realidade e adotarem a lógica da malandragem, ou seja, de
beneficiar os familiares e amiguinhos na distribuição das tarefas? Ou mesmo
descambarem pela luta por poder eclesiástico e politicagens? Estas questões não
têm a ideia de comparar Igreja com empresa, mas fazer lembrar que o povo de
Deus objetiva algo incomparavelmente mais nobre do que o vil metal e os
egoísmos dos “espertinhos”.
Na Igreja não se tem a permissão de desconsiderar a
direção do Senhor. Se o Pai Celeste concedeu um dom a uma pessoa é para que
esta trabalhe em uma área específica. Eu acho que isso não é difícil de
entender e suspeito que nem é preciso desenhar para compreender com mais
precisão. Não interessa o fato de que alguns acreditam que determinados
serviços são melhores que outros. Deus abençoa cada qual em seu “setor”. No
corpo de Cristo todos trabalham para o bem de todos. Há quem corra atrás de
poder, status e riqueza, entretanto nada disso se relaciona à Igreja. A Igreja
é séria. E na Igreja os mais maduros na fé cristã auxiliam os menos maduros
porque o objetivo é promover o desenvolvimento de todos. Além disso, os mais
maduros não se gabam pelo que já alcançaram, mas se alegram pelo privilégio de
servir quem precisa. Uma vez que alguém recebeu um dom, faça o favor de honrar
a Deus desenvolvendo-o e colocando-o a serviço do Senhor, da Igreja e da
Sociedade.
Concluindo... Nas empresas a eficácia de ações,
possibilitada por funcionários qualificados, é buscada com afinco. Vale lembrar
que o alvo delas é o “Dinheiro”. Já o alvo
do corpo de Cristo é o “Reino de Deus”. Assim, por que as comunidades cristãs, pautadas
por uma práxis superiora a estes materialismos de inspiração capitalista, não respeitam
o Espírito Santo, acolhem os irmãos com seus dons variados e aloca-os nas áreas
de trabalho (ministérios) corretas? A Igreja deixou de ver, julgar e agir a
partir de Jesus Cristo?
Graça, paz e bem!