quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ah! Quantas lágrimas eu tenho derramado

O ano de 2008 finda. Contudo, deixo com você o testemunho que durante este período eu derramei muitas lágrimas como fruto de uma comunhão agradável com Deus. Neste tempo, a contemplação do meu passado, não obstante os condicionamentos atuais que me fazem observá-lo com um certo reducionismo, ajudaram-me a viver melhor o presente e a projetar o futuro. Prossegui com esperança e alegria apesar da dureza e insensibilidade que se espalham tornando as relações interpessoais cada vez mais difíceis. Eis o mistério extraordinariamente ordinário, simples e humano por trás destas minhas experiências transformadas resumidamente em palavras: desprender-se gradativamente das barreiras existenciais, entregar-se sem reservas a Jesus Cristo e santificar-se ininterruptamente na companhia do Espírito Santo. Espero que tudo isso se repita em 2009.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Laboratórios da Unidade Cristã

A realidade eclesial anda mesmo muito complicada. Em meio a tanta complicação cabe-nos retomar o debate sobre o tema da Unidade Cristã, também como ações concretas em prol desta Unidade. Parece que o Evangelho (o próprio Jesus Cristo) não é mais conhecido e nem praticado como outrora. Penso, deste modo, que é preciso resgatar a experiência com o Evangelho que nos põe em contato com a Verdade libertando-nos, transformando-nos, renovando-nos e salvando-nos. Dar um passo em direção ao Evangelho é essencial.

Feito isso, somos chamados/as a buscar a Unidade entre cristãos/ãs. Esta deve iniciar na família e na igreja local. Estes espaços são laboratórios importantes, pois nestes ambientes existe, ou deveria haver, uma maior intimidade cristã. Nestes os seus integrantes estão mais vulneráveis. Muitas máscaras são deixadas de lado. Nós nos mostramos melhor. Não existem chefes que coíbem as nossas reações pelo fato de terem o domínio sobre nosso salário. Uma vez que a família e a igreja local propiciam uma maior proximidade e um desnudar-se de boa parte do aparato teatral utilizado em outros espaços interpessoais então podemos começar uma vida de Unidade Cristã.

Quem assume que a Unidade Cristã é parte intrínseca da vida dos/as discípulos/as de Cristo precisa se conscientizar que está se prontificando ao exercício de algumas práticas. Vejamos: 1) Dialogar. 2) Trocar experiências. 3) Visualizar os próprios defeitos e qualidades. 4) Ajudar o/a outro/a a se desenvolver como pessoa e discípulo/a de Cristo. 5) Cultuarmos juntos/as superando fórmulas litúrgicas “endeusadas”, farisaicas, legalistas e excludentes. 6) “Desidolatrar” pontos de vista em nome do Evangelho. 7) Não menosprezar a maldade humana. 8) Deixar-se moldar por aquilo que não se abre mão no Evangelho. 9) Desembaraçar-se de “verdadezinhas desumanas”, politicagens, lutas por poder e status, jogos e manipulações. 10) Santificar-se.

A Unidade Cristã deve estar na pauta das programações familiares, dos estudos bíblicos, dos cultos, das reflexões, das orações, dos encontros de pequenos grupos, das festividades das igrejas, das brincadeiras e, até mesmo, de momentos “ociosos”.

Famílias Cristãs e Comunidades Cristãs: uni-vos!

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ameaça à Unidade Cristã: "Cristianismo"

Há muito que eu percebi a existência conflituosa entre o Cristianismo e o “Cristianismo”. Mas, o que me enoja é o fato de que o “Cristianismo” ganha cada vez mais terreno em nossos dias. Os/As seguidores/as deste “Cristianismo”, por mais sinceros/as que sejam, não são discípulos/as de Jesus Cristo, conseqüentemente não sabem (ou ignoram cinicamente) o que é o Cristianismo.

No “Cristianismo” há uma fixação pornográfica pelos índices do Ibope e uma ganância idolátrica pelo dinheiro. Este é perito em gerar lobos travestidos de ovelhas, ou seja, falsos/as discípulos/as de Jesus Cristo. E esta promiscuidade atende a todos os gostos. Tem espaço para quem quer ser mal, controlador/a, famoso/a, vagabundo/a, bandido/a, especialista, tradicionalista, mago/a, demagogo/a, ritualista, intelectual, ignorante, moderninho/a, hipócrita, burocrata, legalista, cartola, entre outras coisas que este supermercado de perversidades aceita e disponibiliza. Neste “Cristianismo” vale tudo aquilo que não se assemelha ao Evangelho. Desta maneira, estão liberadas todas as práticas como o lobby, a conspiração, a perseguição, a espionagem, o grampo telefônico, a difamação, a fofoca, a coação e as concatenações secretas. Além disso, este “Cristianismo” não está nem um pouco preocupado com a corrupção no meio da política, a violência, as drogas, o aumento da bandidagem, as guerras, a falta de ética, a ausência de valores significativos e transformadores da família e da sociedade, o respeito correndo risco de ser extinto, a crise de autoridade, a insegurança, a degradação da educação, a fragmentação da família, a banalização do sistema de saúde, a má distribuição de renda, o baixo nível da maioria dos programas de televisão, os noticiários recheados de sangue, o aquecimento global e a bestialização de uma grande parte dos seres humanos. Vive-se neste “Cristianismo” uma fezinha individualista, arrogante, hedonista, desmemorializada, prepotente, imediatista, desumana, niilista, reificante e consumista.

Hoje eu acordei enojado com este “Cristianismo”. Hoje eu acordei com vontade de estar junto com homens/mulheres transformados/as pelo Evangelho. Hoje eu acordei pronto para ficar próximo de humildes, simples e honestos/as discípulos/as de Cristo. Hoje eu acordei disposto/a a orar com aqueles/as que são de fato cristãos/ãs, compartilhar experiências, refletir, cantar, buscar o renovo e a força do Espírito Santo... e depois de tudo isso, de modo dependente da Graça de Deus, prosseguir vivendo com alegria o Cristianismo em tempos de “Cristianismo” em alta.

Graça, paz e bem!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Blog de Ouro e Dardos

Eu fiquei muito contente ao saber que meu blog recebeu dois selos relevantes da parte da irmã Mayalu Felix: http://mayafelix.blogspot.com. Estou alegre porque a Maya é uma discípula de Cristo, séria, inteligente e culta. Logo, este reconhecimento ganha um peso considerável. Contudo, os significados dos prêmios também são dignos de nota, a saber, o esforço em anunciar e buscar a Justiça, bem como a diligência na transmissão de bons valores espirituais, humanos e sociais.


Para não ser injusto com ninguém, eu sugiro que todos os blogs e sites elencados no espaço que dediquei à reflexão cristã em meu blog também recebam os referidos selos.

À Mayalu, companheira de caminhada cristã, minha gratidão, carinho e consideração.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Gente do Evangelho

Eu aprecio as pessoas que assumem a sua humanidade, mas não se cansam de viver e pregar o Evangelho do Reino. Somos imperfeitos/as e contraditórios/as, todavia o Pai Celeste processualmente nos aperfeiçoa e usa-nos para ajudar outros/as a viverem no Caminho.

Eu aprecio gente comprometida que não se curva diante do “deus ditador, politiqueiro, terrorista, hipócrita, mercantilista, marketeiro e barganhador”. A sedução desse “deus” grosseiro e dia-bólico, se aceita, leva a todos/as à ilusão, à impiedade, à corrupção, às trevas, à distorção e a um mergulhar num mundo de sombras existenciais.

Eu aprecio homens e mulheres do Evangelho. Vale lembrar que a Boa Notícia confere salvação, saúde, paz e alegria a todo/a aquele/a que se dispõe a ouvir e meditar, enamorar e atuar. Ah! Como é bom ter por perto pessoas com o coração transformado pelo Senhor da Vida. É nisso que creio e espero permanecer.

Graça, paz e bem!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A Igreja como um farol: unidade e comunhão

O tema da unidade e comunhão de todos/as os/as discípulos/as de Jesus Cristo é deveras importante. Penso que esta temática é muito maior do que as segundas intenções que povoam alguns setores eclesiais e eclesiásticos da Igreja, pois ela nasce no coração de Deus visando com que o Corpo de Cristo espalhado por toda a terra seja o maior beneficiado. A unidade e a comunhão tornam-nos fortes e demonstram às sociedades que é possível viver de uma maneira diferenciada. Esta vivência própria das comunidades de Jesus Cristo mostra ao mundo que existe uma divina alternativa para a indiferença, o individualismo, a ganância, o partidarismo, a traição, a reificação, o desamor, a barganha, o exclusivismo, a desunião, o egoísmo, a politicagem, o ódio, a violência, o tradicionalismo, o misticismo, o fanatismo, o ateísmo, o autoritarismo etc. Este modo de existir da Igreja demonstra que ela não é a salvadora do mundo, mas que caminha orientada pelo Salvador concedendo refrigério, sabor e luminosidade a todos/as que se acham cansados/as e sobrecarregados/as com uma existência desumana e distante do Pai Celeste.

Antigamente esta unidade e comunhão daqueles/as que foram transformados/as por Jesus era chamado de ecumenismo. Entretanto, é notório que este termo está muito desgastado. Muitas foram as contribuições para que isso ocorresse. Dentre estas, é possível destacar o mau uso da terminação por vários setores midiáticos, por pessoas ávidas pela fusão de todas as religiões, também como por uma parte da liderança “cristã” (defensora e opositora) que agregou a ela os seus preconceitos, os seus “sacros” pontos de vista, a falta de reflexão e devoção, o cínico temor a Deus, o frágil compromisso com Jesus Cristo, a precária sensibilidade ao Espírito Santo e o limitado amor ao/à próximo/a. O ecumenismo que dizia respeito exclusivo ao relacionamento entre os/as seguidores/as de Jesus tornou-se uma confusão terrível. Além disso, pesou na balança o fato de que vários/as “cristãos/ãs” defendiam muito mais os seus interesses financeiros, os seus anseios por poder e fama, as suas limitadas posturas teológicas e litúrgicas do que o Evangelho em si. Diante deste quadro, faz-se necessário reformular a terminação e, se necessário, evitá-la valendo-se de uma outra. Revisitar a Palavra de Deus pode nos ajudar neste trabalho, todavia não há como descartar a carga sócio-religiosa-cultural contemporânea que imprimiu nesta palavra sentidos, valores e sentimentos diversos. Para amenizar ou transformar esta dura realidade é imprescindível buscar a unção do Espírito e disponibilizar ao Reino tudo aquilo que temos e somos. Uma vez que apresentamos esta gama de coisas a fim de abençoar pessoas, o Senhor será honrado em nossas ações e nos concederá o privilégio de visualizar os frutos desta obra.

Quando eu uso a expressão “unidade e comunhão dos/as cristãos/ãs” ela vem marcada por um ideário que para mim está claro. Peço-lhes licença para explicar. Muitos/as homens/mulheres tiveram um encontro com Jesus Cristo e por isso suas vidas foram transformadas, isto é, eles/as adquiriram novos valores, entenderam que o Senhor é quem os/as orienta a viver melhor como seres humanos, experimentam na atualidade parte da eternidade que lhes está preparada, esforçam-se por viverem o Evangelho e o Espírito Santo lhes ajuda no processo pedagógico da santificação. Cristo, que é o Evangelho, tornou-se “os óculos” que lhes permitem observar, avaliar e relacionar-se com o mundo que os/as rodeia e consigo mesmos/as. Via de regra, a pessoa que acolheu a Jesus como Senhor e Salvador foi evangelizada por um/a cristão/ã que congrega em uma determinada igreja que possui características próprias. Seguindo esta lógica, conclui-se que as comunidades cristãs têm particularidades e semelhanças. A isso eu chamo heterogeneidade. Tal diversidade se percebe em uma única igreja local. Uma igreja formada por pessoas diferentes, com posturas diferentes, com visões bíblico-teológicas diferentes, com vivências litúrgicas diferentes, com culturas diferentes e que se relacionam porque fazem parte do povo de Deus. Não obstante, estas diferenças não são obstáculos para aqueles/as que são discípulos/as de Jesus. Mesmo que surjam atritos interpessoais, os/as envolvidos/as buscam podar as arestas reconciliando-se, perdoando-se mutuamente e dando prosseguimento à caminhada cristã. Se o essencial no discipulado cristão é seguir a Cristo, fortalecer-se no Espírito e espalhar as sementes do Reino de Deus por toda a terra, aquilo que não é essencial não atrapalha a comunhão e unidade daqueles/as que foram resgatados/a por Jesus.

Quando priorizamos a comunhão e buscamos incessantemente a unidade dos/as discípulos/as de Jesus nós temos maiores condições de realizarmos tarefas que espelhem o Evangelho do Reino. É através dos relacionamentos que temos a possibilidade de demonstrarmos com ações, palavras e silêncios que fomos transformados/as por Cristo. Ao nos unirmos temos condições de aprender uns/umas com os/as outros/as. As semelhanças conferem entusiasmo, alegria, disposição e vontade de influenciar positivamente os grupos humanos com os quais convivemos. As diferenças observadas na vida do/a irmão/ã nos ajudam em nossa auto-avaliação a detectarmos os nossos limites, valores, fragilidades e incompatibilidades. Com isso nós aprendemos a compartilhar, a dialogar, a respeitar e a conviver movidos/as pelo amor do Pai Celeste. Crescemos juntos/as. Evangelizamos juntos/as.

Eu aspiro pelo desenvolvimento e a promoção da comunhão e da unidade dos/as seguidores/as de Cristo. Mas, em alguns momentos, tenho que confessar, eu me entristeço por perceber que existem pecados e barreiras que impedem a concretização deste anelo. Esta realidade poderia começar a mudar desde que todas as lideranças das igrejas locais exercitassem e estimulassem a comunhão e a unidade entre os membros. Aquele/a que é líder precisaria viver do modo que se espera porque ele/a influencia pessoas. Se ele/a exerce uma função de liderança então ele/a poderia esforçar-se por viver o Evangelho e ter uma prática de devoção e reflexão ativa, instigante e sincera. Apesar de minhas duras palavras, compreendo esta questão da seguinte forma: ou ele/a é líder por vocação e consciência do seu papel, ou é melhor ele/ fazer outra coisa na vida – porque liderança cristã é coisa séria. Assim sendo, o tema em pauta deveria ser amplamente divulgado pelas lideranças nos grupos de discipulado, nos encontros para culto, nas Escolas Dominicais, nos momentos de estudos bíblicos, nas famílias das comunidades cristãs, nas reuniões, nos retiros espirituais, nas festas, nas brincadeiras, nos passeios etc. Na minha visão... é tempo de adotar uma postura definida.

A diversidade ainda é uma característica positiva da Igreja. Todavia, em certos lugares, ela pode se curvar diante das famosas tentações sofridas por Jesus antes do início do seu Ministério, a saber, poder, fama e riqueza. Além disso, infelizmente há quem possa se utilizar ainda dos rótulos “tradicional”, “conservador/a”, “avivado/a”, “carismático/a”, “liberal”, “pentecostal”, “neopentecostal”, “progressista”, dentre outros que não facilitam as tarefas missionárias, antes serve para classificar diabolicamente as pessoas e as “facções cristãs” a qual pertencem. Veladamente, à semelhança do nosso Inimigo, indivíduos descristianizados se agridem travestidos de piedosos crentes exercitando de modo eficaz os atos de matar, roubar e destruir com classe. Quando se observa a busca pela unidade e comunhão na história da Igreja nota-se que há elementos positivos e negativos. Especialmente estes últimos devem ser observados, pois além de deixarem feridas abertas nos corações de muitos/as irmãos/ãs, fomentam em outros/as tantos/as uma supervalorização das desgraças experimentadas ou ojeriza crônica. Por conseguinte, estão diante de nós vítimas de maldades, manipulações e confusões. Há pessoas traumatizadas que não experimentaram a cura que Deus oferece às “feridas interiores”, tampouco se submeteram às apropriadas terapias aplicadas por profissionais da área da saúde que intencionam promover uma vida psicologicamente adequada e a mais equilibrada possível. Logo, amor, carinho e sensibilidade são imprescindíveis no trato deste tema junto aos/às discípulos/as de Cristo. Por isso poderíamos dar pequenos passos, isto é, exercitando a unidade e comunhão inicialmente dentro da primeira igreja local que é a nossa casa, em nossa Comunidade de Fé, depois na instituição cristã à qual pertencemos e assim sucessivamente...

Construamos uma Igreja cheia do Espírito Santo que não anula sua diversidade. Construamos uma Igreja que se esforça por viver em unidade e comunhão por amor e gratidão a Jesus Cristo. Construamos uma Igreja que ama a Deus acima de tudo e ao/à próximo/a como a si mesma.

Se vocês puderem, convidem outros/as irmãos/ãs a se unirem em oração com o propósito de preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.

Entendo que a Igreja, no poder do Espírito Santo, tem condições de se portar como um Farol nestes dias tão escuros. Cabe-nos, então, prosseguir refletindo, vivendo e anunciando o Evangelho.

Graça, paz e bem!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Não se aperreie

Eis um recado a você cristão e cristã:

Se a crítica ainda significa o ato de observar uma dada realidade e pontuar nela o que há de positivo e negativo... então estamos indo bem. Se esta atitude é acompanhada de propostas para melhorar aquilo que é positivo e corrigir o negativo... melhor ainda. Se a crítica e as propostas de ação recebem como aliado/a aquele/a que criticou e propôs... está ótimo.

Após concordarmos temos condições de prosseguir... Não dá mais para agüentar os/as pseudocríticos/as de plantão que só apontam para o que há de negativo na Igreja, não propõem mudanças, tampouco se colocam à disposição valendo-se dos seus dons, talentos, especialidades, conhecimento, finanças, trabalho mental e braçal, sentimentos, jejuns e orações.

Chegou a hora de dar um basta, ou seja, não dê crédito ou espaço para quem se afirma discípulo/a de Cristo e não observa os três pontos supramencionados: pontuar, propor e agir... pois ele/a não é um/a cristão/ã, ele/a não saiu na chuva para se molhar, ou seja, ele/a é um azedume. Procure ajudar esta pessoa a visualizar o Caminho, mas não se aperreie com as suas bestices.

Graça, paz e bem!

sábado, 19 de julho de 2008

Veja com a lupa do Evangelho


Eu sou cristão, mas isso não inibe meus ímpetos de pesquisador e aventureiro. Esta última condição me levou a conhecer muitos guetos curiosos no meio “cristão”. Fui a cultos patrocinados pela ala conservadora, tradicional, ortodoxa, evangelical, liberal, carismática, ecumênica, católica, católica-carismática, pentecostal, neopentecostal e pós-pentecostal. Participei de reuniões de crianças, juvenis, jovens, adultos, casais, universitários, homens/mulheres de negócio, negros/as, indígenas, capitalistas de "Cristo", socialistas de "Cristo", sem-teto, cristãos/ãs alternativos/as, punks, metaleiros/as, góticos/as, skatistas, surfistas, sem-terra, judeus messiânicos, elites e excluídos/as de Jesus. Até aqui eu não fugi muito daquilo que é convencional.

Pois bem, experimentei as sextas-feiras da libertação, reuniões das células, noites da unção (do riso, do choro, do grito, do índio, do salto, do grude, do sapato de fogo, do “ei”, do suco, do dente de ouro, do sopro, da dança dos anjos, da lagartixa, dos quatro seres viventes, do piolho etc.), encontrão, encontros com Deus, fogueirinhas, noites da cura divina, vigílias, cultos no monte, convenção para quebra de maldições, encontros de regressão ao ventre materno, retiro espiritual durante três e sete dias, aulas de línguas estranhas, cultos da fogueira, rejeição de pactos demoníacos, cultos para receber o Batismo do Espírito Santo, ministração de técnicas para um louvor que dê resultados eficazes, noite de intercessão pelas cédulas de identidade, roupas e fotos de familiares, encontros para encontrar a cara-metade, campanhas para obter emprego, casamento, livramento, união familiar, jejuns (dias inteiros, meio dia, uma refeição, e jejuns de televisão, namoro, brincadeiras e esportes), votos de submissão, curas espirituais, marchas, reivindicação espiritual de localidades para Jesus, entre outras coisas que eu não consigo me lembrar.

Muitas destas “excentricidades” foram pagas por mim, porém durante um bom tempo (até 1997) quem patrocinava as minhas estripulias espirituais eram meus pais... É cada uma que a gente faz... Em meio a todos estes cultos, reuniões e experiências, apesar da sinceridade de tantos/as, algumas vezes eu me perguntei: Em qual lugar esconderam o Evangelho? Por que Jesus não está presente? O que fizeram com o Espírito Santo? A qual “deus” estão se referindo? Aquele que tem a sua vida radicalmente transformada por Jesus Cristo faz perguntas como estas... mas, nem sempre obtém as respostas. A vida de Cristo deve nos ajudar a filtrar tudo aquilo que lemos, ouvimos e experimentamos. Quem tem a lupa do Evangelho veja...

Graça, paz e bem!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Palestra: Igreja e Pós-modernidade

Eu fui convidado para dar uma palestra na 1ª Igreja Batista da Lapa, às 19h30, no dia 15 de julho de 2008. Se você puder apareça por lá.


Graça, paz e bem!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Discernindo entre as vontades divina e humana


Jesus nos capítulos 5 a 7 de Mateus "submete" os/as discípulos/as a um “intensivão”. O Senhor se dispõe a ensinar os/as seus/suas seguidores/as e, dentre vários ensinamentos, Ele explica como deve ser a verdadeira oração nos versos 9 a 14 do capítulo 6. Especialmente no versículo 10b Jesus afirma que os/as discípulos/as devem orar pedindo que a vontade de Deus seja feita: Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu.

Este pedido está intimamente ligado às situações anteriores. Sendo assim, percebemos que o Diabo no capítulo quatro havia feito propostas estranhas para Cristo, ou seja, cuidar dos próprios interesses quebrando assim a unidade com o Senhor, tentar o Pai Celeste, ter domínio escravizador sobre a humanidade, obter tesouros e glórias egoístas e adorar a Satanás. Tais proposições, se averiguadas pelo avesso apontam para a vontade de Deus. Deste modo, agir em conformidade com o Senhor implica em colocar o Reino acima dos interesses pessoais, agir fielmente para com o Pai Celeste, servir amorosamente a humanidade, glorificar a Deus através das realizações e adorar ao Senhor.

Em seqüência, no capítulo 5, nós vemos que Jesus destaca àqueles/as que são tementes a Deus que eles/as devem prezar por determinadas características e ações. Cristo ressalta a humildade, o choro daqueles/as que são oprimidos/as, a mansidão, a fome e sede de justiça, a misericórdia, a limpeza de coração, a promoção da paz, a caminhada justa e a fidelidade a Jesus. Em seqüência, todas estas menções anteriores se associam ao fato de que o/a discípulo/a deve ser sal da terra e luz do mundo, valorizar a Torah, não matar, não adulterar, não jurar, não agir vingativamente, amar ao/à próximo/a, cuidar dos/as necessitados/as sem alarde e orar sinceramente. Portanto, todas estas orientações são indicativas da vontade de Deus.

Se acrescermos a tudo isso os ensinamentos que se dão até o final do capítulo sete, então o que se percebe é que Jesus demonstra qual é o conteúdo da vontade de Deus. Tal vontade é caminho de felicidade. Tal vontade é caminho e no caminho os indivíduos estão sujeitos a acertos e erros. Por isso, graças rendamos pela Graça. Embora exista muita coisa que se passe na mente do Pai Celeste e que nós não conseguimos nem imaginar o que seja, nós temos condições de perceber uma parte daquilo que está no coração do Senhor. Então quando Cristo ensina os/as seguidores/as a orarem pedindo a vontade de Deus aqui está embutido que quem pede algo se compromete com o pedido e sabe o que se está pedindo. Deste modo, com base nos capítulos anteriores, quem prioriza em seus pensamentos, caminhos e palavras a humildade, a solidariedade, a mansidão, a justiça, a misericórdia, a limpeza do coração, a paz, o conhecimento e o amor está declarando a vontade de Deus em sua vida.

Todos/as nós tomamos decisões e, a partir destas, agimos no dia-a-dia. No entanto, é estranho que muitos/as “cristãos/ãs” as tomem e sempre coloquem o Pai Celeste como o grande responsável pelos resultados, especialmente os negativos. Para piorar usam aquela célebre frase abrutalhada e oca: “foi o Senhor quem quis”. Todavia é preciso perguntar: será que as ações exercidas estavam fundamentadas nas orientações de Jesus que refletem a vontade de Deus? Se as nossas atitudes não refletem a vida do Senhor então não ousemos dizer que uma decisão egoísta e maléfica é vontade do Pai Celeste. O/A cristão/ã deve ser no mínimo sincero/a, isto é, assumir que fez algo sem observar os valores do Reino. É digno de menção quando alguém admite que pecou porque pensou somente em si. É muito bonito quando a pessoa declara que Deus não tem nada a ver com o ciúme experimentado, o melindre, a inveja, o ódio, o lobby, a falcatrua, a traição etc.

Quando a Igreja de Cristo se reúne algumas deliberações precisam ser feitas, todavia o que se pratica nem sempre reflete o Evangelho. É comum “aos/às irmãos/ãs” realizarem o “rito da oração”, cinco minutos antes da tomada de atitude, apenas para reafirmarem levianamente que é Deus quem “manda na obra”. Isto pode ser chamado, também, de falta de vergonha na cara ou, em termos mais polidos, ausência de temor e tremor com relação ao Pai Celeste. Muitas vezes, o que prevalece é o egoísmo, a raiva, a falta de análise situacional, o descaso com uma vida devocional séria, a politicagem religiosa, os jogos de interesses que crucificam o Amor, o (des)gosto pessoal, entre outras coisas.

Ser discípulo/a de Jesus implica em agir com responsabilidade, ou seja, ele/a deve ter uma vida de oração contínua, conhecer a si mesmo/a, nutrir-se com os valores e anseios do Evangelho e aquietar os seus ímpetos a fim de que o Pai Celeste seja exaltado. A vida cristã não é semelhante a um filme de comédia da mais baixa estirpe. A vida cristã não é uma peça de sexo explícito onde ninguém é de ninguém porque as pessoas são coisificadas. A vida cristã não é uma trama de intrigas e paranóias de gente doente e fechada para experimentar todo o vigor da Graça do Senhor. Se o/a discípulo/a mesmo procurando espelhar a vida de Cristo faz algumas besteiras o que dirá aquele/a que farisaicamente bate no peito dizendo que o seu ódio, rancor, ponto de vista exclusivista, auto-imagem distorcida predominam com a “bênção de Deus”? Não dá mais para eximir-se das culpas transferindo as responsabilidades ou as vontades para o Senhor, o Diabo, o Governo, a Sociedade, a liderança eclesial, o pecado estrutural etc.

Está na hora de diferenciar o que significa agir conforme a vontade do Pai Celeste daquilo que é atitude individualista ou partidarista. Para declararmos que foi o “Senhor quem quis algo” alguns requisitos precisam ser contemplados, a saber, as atitudes pessoais e coletivas devem revelar o Reino de Deus, as reflexões e sensações devem ser guiadas pela integralidade do Evangelho, e os frutos das ações devem promover a paz, a justiça, o amor, a misericórdia, a reconciliação, o consolo, a esperança e a salvação. É inadmissível ao Evangelho chamar as "safadezas humanas" de "vontade do Senhor", pois pecado continua sendo pecado e amor é amor. Até mesmo com relação ao pecado sócio-estrutural há como não se submeter, entretanto a dificuldade é inegável. Somente a Graça para nos ajudar a resistir e se sucumbirmos não perdermos a ternura. Apesar de Jesus naqueles momentos que antecedem a sua morte ter titubeado com relação à vontade de Deus que ele havia proclamado anteriormente, nós podemos dizer que a vontade de Deus é a vontade de Jesus e a vontade do Espírito Santo, por conseguinte a Comunidade de Discípulos/as se orienta por esta Triúna Vontade.

É na compreensão bíblico-semita da vontade de Deus (e não na apreensão cultural grega da vontade como determinismo divino e obediência cega do ser humano) acrescida da ação neotestamentária e holística da Graça que se lida melhor com os fracassos, ambigüidades e incertezas. A vontade como Caminho e a Graça dão condições para que se viva em meio aos abismos do viver e se faça escolhas na perspectiva do Caminho. Mesmo que se erre com as escolhas... tentamos acertar e continuaremos com este propósito porque o Caminho Gracioso ou a Graça do Caminho nos acalma, ajuda e impulsiona. Deus quer que tenhamos uma vida qualitativamente melhor e isso passa pela adequada compreensão da vontade de Deus. Para além das grandes viagens teológicas sistemáticas dos distantes tempos gregos e latinos, valendo-nos da reflexão e da experiência (mística-e-concreta), nós devemos identificar corretamente a vontade do Senhor como Caminho de Vida. O Pai Celeste nos fez livres, mas se nós agirmos conforme a vontade Dele nós seremos as pessoas mais felizes desta terra. Desfrutaremos melhor da nossa “liberdade” tornando-nos mais humanizados. Pensemos melhor sobre este assunto.

Graça, paz e bem!

sábado, 24 de maio de 2008

Tempo de comemoração


Hoje é um dia muito importante para mim...


Há dez anos eu namoro a minha esposa (Suely);








Há um ano eu iniciei este blog (confira a primeira mensagem/imagem);







Há duzentos e setenta anos o fundador do movimento metodista, John Wesley, teve a famosa experiência do coração aquecido.


Graça, paz e bem!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Não vá mais à "igreja"

Em Atos 9,31 está escrito: A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número. Inspirando-me neste belíssimo relato bíblico a respeito do modo de ser e estar da primeira Igreja eu escrevo àquele/a que não vai mais à “igreja”...

É muito bom que você não vá mais à “igreja”. Quando se têm um encontro profundo e verdadeiro com Jesus Cristo o/a cristão/ã não vai mais à um espaço “sagrado” para desfrutar de serviços religiosos, mas sim se reúne com outros/as discípulos/as de Cristo para adorar e louvar a Deus, para desfrutar de um encontro fraternal em torno do Evangelho, para compartilhar experiências com o Espírito Santo e para alimentar-se com a Palavra. Aqueles/as que caminham na perspectiva do Reino não vão mais à “igreja” porque eles/as não se deixam conduzir pela idéia de que há um lugar obrigatório para freqüentar. O/A discípulo/a, por conseguinte, sente a necessidade e o prazer de estar junto com outros/as irmãos/ãs e com eles/as se encontra e confraterniza-se amorosa e alegremente. Ele/Ela deixa de ir à “igreja” e, em unidade com outras pessoas cristãs, torna-se Igreja.

Quem vive a Igreja sabe que é imprescindível se reunir para prestar culto. Quem vive a Igreja não cai na cilada individualista de quem vai à “igreja” assistir cultos. Quem vive a Igreja aprende a conviver e a compartilhar ao invés de ir à “igreja” para mandar e reivindicar. Quem vive a Igreja se dispõe a aprender-e-ensinar rejeitando, assim, as práticas vangloriosas e arrogantes de quem vai à “igreja” como um/uma “sabe-tudo”, fofoqueiro/a, preconceituoso/a, encrenqueiro/a e “barraqueiro”. Quem vive a Igreja tem a oportunidade de exercitar o ouvir respeitoso e solidário e o falar humilde e delicado. Quem vive a Igreja tem o privilégio de amar-e-receber-amor. Quem vive a Igreja tem a honra de abençoar os/as demais irmãos/ãs valendo-se dos dons e talentos que o Senhor gratuitamente lhe concedeu. Quem vive a Igreja reconhece seus limites, erros e inconseqüências transformando-se num ser humano que se dispõe a ser suporte para aqueles/as que, também, anelam por superar os seus limites, erros e inconseqüências.

Quem vive a Igreja contempla o manifestar do Espírito Santo e Dele recebe o poder para fielmente servir a Deus e aos/às semelhantes. Quem vive a Igreja tem a grata e ardente satisfação de apresentar o Senhor da Igreja aos seus familiares, amigos/as, conhecidos/as e desconhecidos/as. Em suma, quem vive a Igreja tem paz, edifica-se, caminha no temor do Senhor, recebe conforto do Espírito, semeia o Evangelho e cresce em número. Por isso, a minha oração é para que Deus liberte milagrosamente homens/mulheres enclausurados/as pelo dever de ir à “igreja” e, em nome de Jesus, vivam comunitariamente a Igreja na força do Espírito.

Graça, paz e bem!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sensações do Evangelho

Os dias passam e cada vez eu me sinto mais próximo do Deus Altíssimo. Sensações como essa se tornaram mais constantes nos últimos três anos. Sinto isso no momento em que escrevo. Exemplificando, senti algo semelhante no dia 9 de dezembro de 2007, pois após um semestre de preparação os/as meus filhos/as na fé foram batizados/as e fizeram a sua pública Profissão de Fé. A mim me parecia tudo novo. Aliás, uma novidade para mim foi a forma que utilizei para batizar: imersão. Até então eu só conhecia o batismo por aspersão e efusão. Não adianta se surpreender, pois eu não ando mais preocupado com os/as encrenqueiros/as de plantão, com as fórmulas rituais “consagradas”, tampouco com as verdades exclusivistas e violentas das diversas linhas teológicas. Basta-me ser discípulo de Cristo e permanecer aberto para adquirir sabedoria a fim de melhor servir.

O Espírito Santo tem tocado em meu coração ternamente. A paz e o amor presentes em meus/minhas irmãos/ãs se fortalecem em mim todas as vezes que eu os/as vejo/a. Vivo de maneira intensa sem subestimar a malignidade que me rodeia e me assedia. Sem me iludir com aqueles/as que me beijam no rosto como um aviso de que em breve me trairão. Não desdenho o pecado e o mal, tampouco aqueles/as que se deixam contagiar por tais coisas. Meu caminho é trilhado com fé. Sou humano, por isso caminho, caio, levanto, amadureço, cresço... Sou testemunha de Jesus Cristo, portanto as dores que eu precisar passar somente serão o resultado de quem optou por seguir modestamente o Servo Sofredor. Vou semeando as sementes do Evangelho na contramão do Gospel World.

Chega um momento que você deve escolher entre o Evangelho, com suas opções e sensações, ou chafurdar nas mesquinharias “evangélicas” promovidas por pessoas endiabradas e embriagadas com seus pontos de vista tão distantes do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Amar é mudar a alma de casa

Ao pensarmos numa pessoa qualquer nós somos tomados/as pela idéia mais ou menos óbvia de que “nós não somos ela”. Não obstante, temos que concordar que muito do que há nela também existe em nós.

Para facilitar a compreensão nós podemos tentar nos descrever. Sem cair na tentação de discorrer primeiramente sobre a nossa bela aparência exterior, comecemos a falar sobre o nosso interior. Nós temos uma história, valores, projetos, desejos, qualidades, defeitos, aptidões, medos e pontos de vista. Tudo isso que existe dentro do nosso coração se apresenta de alguma maneira no “cartão de visita” que nós chamamos de corpo exterior.

Para ilustrar comparemo-nos a uma casa. Só dá para saber o que há dentro dela se nós adentramos aos aposentos que a compõem. Cada ambiente tem a sua particularidade e revela-nos um pouco dos seus residentes. As cores, as imagens, os quadros, os móveis, os cheiros, os sabores, os sons, os arranjos e os objetos, embora não sejam as pessoas, são a extensão daquilo que experimentam em seus corações. Cada casa nos indica um mundo. Cada pessoa é um mundo.

Um outro mundo que não seja aquele que conhecemos bem nos causa receio, estranheza, medo e, em alguns casos raros, trazemos conosco o anseio por viver uma aventura desbravando os mistérios de uma outra realidade. Porém, antes de nos aventurarmos precisamos inicialmente ter uma noção a respeito da nossa casa, do nosso coração, da nossa vida. Quando temos esta consciência fica muito mais fácil administrar a nossa existência, pois nós passamos a entender muita coisa a respeito de nós mesmos.

É aqui que entra o ensinamento de Jesus em Marcos 12,28-31: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Muitos religiosos da época estavam desconfiados e irritados com os ensinos e práticas de Cristo. Por isso, certa feita um escriba se dirige ao Senhor e lhe pergunta sobre o principal dos mandamentos. A intenção deste homem era deixar Jesus numa situação constrangedora diante do povo. Contudo, o Mestre reapresenta a verdade das Escrituras tanto ao seu inquiridor quanto àqueles/as que estavam vendo e vivendo aquela situação.

Esta postura de Jesus coloca em “xeque” aquilo que as pessoas viviam na época. Porque não adianta saber frases bíblicas decoradas. As palavras que estão contidas nas Escrituras devem ser vividas. O mundo e toda a existência humana não vão mudar porque diante de uma chamada oral para averiguar se sabemos palavras memorizadas nós tivemos o máximo de aproveitamento.

O silêncio que os/as ouvintes fizeram depois das palavras pronunciadas por Jesus revelam que o Senhor reordenou o lugar das palavras a fim de que elas se tornassem em milagres que mudam o mundo. Uma vez que elas encontram solo fértil no coração dos/as homens/mulheres aí sim cumprem o seu papel salvífico e libertador. Desta maneira, a nossa casa, que é o nosso coração, ganha luz, beleza e conteúdo. Gradativamente as trevas vão saindo da nossa vida e a santidade de Deus passa a ocupar lugar central em nós.

Até parece que Jesus estava refletindo sobre a conhecida frase do poeta Mario Quintana: “Amar é mudar a alma de casa”. Quando nós estamos cientes de quem somos, isto é, conhecemos um pouco melhor a nossa casa e todos os objetos que a compõem então nós estamos prontos para ir de encontro às outras pessoas.

Mas, quem cuida apenas do seu coração acaba desconsiderando que o/a outro/a também é importante. Quem cuida apenas do seu coração não consegue amar porque olha para os/as semelhantes de uma maneira egoísta, ou seja, pensa-se somente naquilo que o/a próximo/a pode lhe apresentar como benefício.

Quando Quintana afirma “amar é mudar a alma de casa”, uma idéia presente é que só consegue amar quem conhece a si mesmo/a e se lança em direção ao/à outro/a. Permite-se entrar na casa do/a semelhante para compartilhar, aprender e ensinar. Permite, também, que o/a outro/a entre em sua casa para compartilhar, aprender e ensinar. Tomando essa idéia e somando-a ao ensino de Jesus, entendemos que amar não significa anular-se em prol do/a outro/a, tampouco amar significa passar por cima do/a outro/a a fim de que ele/a nos venere e obedeça cegamente aquilo que ordenamos.

Quem ama de fato não deseja possuir a outra pessoa, mas sim caminhar ao lado dela. No momento que se caminha ao lado o ciúme não consegue florescer. O ciúme é um sentimento movido pela insegurança de si e medo de que o/a outro/a não nos olhe e nos troque. O ciúme indica que a pessoa não conhece e nem valoriza a sua casa e não está disposto/a a conhecer e valorizar a casa do/a outro/a. A pessoa é tão insegura que ela quer compensar sua insegurança escravizando o/a outro/a, tendo o/a outro/a em sua posse. Quem deseja se apoderar do/a semelhante não consegue amar. É necessário conhecer um pouco de si para depois se dispor a andar com o/a próximo/a.

Deus é este ser que se conhece plenamente, conhece plenamente os/as homens/mulheres e por isso se oferece em amor. Ele sai de si para oferecer a salvação, o amor, a paz, o consolo, a libertação, o ânimo e a restauração. Por isso que o “mandamento” completo afirma: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. E amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Quando nós nos amamos, nós estamos cientes que na nossa casa estão presentes histórias, valores, projetos, desejos, qualidades, defeitos, aptidões, medos e pontos de vista. O mesmo se dá na vida daquele/a a quem nos propomos amar. Nós nos valorizamos mutuamente, nós aprendemos juntos, nós nos ajudamos em nossas fraquezas e limitações, e nós nos voltamos Àquele que nos amou de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Este é o convite que Deus nos faz: amar o/a próximo/a como a ti mesmo/a. À medida que formos experimentando este amor, o Espírito vai agindo mais intensamente em nosso coração de uma tal maneira que as relações na família, na igreja, nos círculos de amizade, no trabalho, na escola adquirem uma maior qualidade. Além disso, as relações que temos com a natureza, com as cidades e com o campo também mudam porque começamos a viver a lógica do amor presente no Evangelho.

A vontade de Deus para a nossa vida é que sejamos gratuitamente transformados/as pelo amor. Ouçamos o que Espírito Santo nos diz porque Ele tem grandes planos para nós. Que o Senhor continue a nos abençoar em nome de Jesus Cristo. Amém.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Vagarosas andanças

Eu amo a Deus mais do que antes.

Eu amo amar o/a próximo/a mais do que antes.

Eu amo o Evangelho da Graça mais do que antes.

Vivi um tempo longe deste Amor e me entristeço por isso. Quem se distancia perde realmente. Mergulha nos podres bastidores da “falsidade-hierárquica-cristã”, consome-se pelas “igrejeiras politicagens”, agride pessoas em nome de verdades arrogantemente absolutas e amargura-se em meio aos conflitos entre “linhas teológicas”. Somando-se a isso, deixa-se levar por baboseiras mil – próprias de gente incrédula que fala da fé Naquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, mas sem de fato andar com Jesus Cristo. Por tudo isso, eu me uno ao Guilherme Kerr Neto e canto: “Valeu demais! Os dias mal passados caminhando atrás de planos mal traçados. Que eu só posso agradecer a Tua mão que me livrou. Valeu o tempo de esperar, mas já passou...”.

Hoje eu oro e trabalho com o foco no Alvo e consigo entender-sentir melhor o que vem a ser o tão anunciado fardo leve.

Hoje eu estou mais maduro pela misericórdia do Senhor e me sinto livre das amarras que me impediam de viver o Amor.

Hoje eu me permito ser pastoreado pelo próprio Deus e Nele encontro forças para pastorear os/as meus/minhas irmãos/ãs.

O Senhor continua agindo em meu ser de uma maneira que eu consigo (co)responder. Ele “fala” comigo numa “língua” que eu entendo. O meu “hoje” pode ser expresso com as palavras do poeta Almir Sater: “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje eu me sinto mais forte, mais feliz quem sabe. Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei...”. Em suma, ao som da viola e da passarada eu continuo a minha peregrinação na companhia do Pai Celestial.

No Caminho adquiro algumas convicções, mas sem esquecer-me da humildade, do amor e da ternura.

No Caminho eu me encontro com Ele em oração, na reflexão sobre as Escrituras Sagradas, no olhar do/a meu/minha irmão/ã, na contemplação da Criação, no canto sincero e na ação diaconal em prol de alguém.

No Caminho é confirmada a minha esperança de que um dia estarei na Casa do Pai, eu o verei, serei recebido com um abraço e um beijo na face, ali cearei e permanecerei.

Graça, paz e bem!

domingo, 23 de março de 2008

Páscoa: memória atualizada da ressurreição

Comemoramos neste dia a vitória que Jesus teve na cruz do calvário, superando a morte e sendo ressuscitado pelo próprio Deus. A promessa foi cumprida, a morte foi vencida e Jesus Cristo Ressurreto hoje reina à direita de Deus Pai todo poderoso. Façamos com que o Sol do Amor e da Justiça brilhe e gire neste mundo através das nossas vidas. Na força do Espírito Santo proclamemos: Girassol! Girassol! Aleluia!

Graça, paz e bem!

sábado, 22 de março de 2008

Sábado de Aleluia


Silêncio!


Dia propício para silenciar e reavaliar a caminhada com Aquele que é a Luz do Mundo: Jesus Cristo.


Graça, paz e bem!

sexta-feira, 21 de março de 2008

A Paixão de Jesus Cristo

Compartilho com você a letra da canção “Noite” de Guilherme Kerr:

Noite sem descanso viu Jesus amanhecer.
Sol de um dia triste, sexta-feira de horror.
Chefes, sacerdotes maltrataram pra valer
A quem é da própria vida o autor.
Pelo bem que fez pagou!

Sim, mais foi Pilatos quem por fim O entregou.
Cara e mãos lavadas, a saída que escolheu
E o povo irado como um só se levantou.
Falou... Será que a voz do povo é a voz de Deus?
Cruz e morte ao Benfeitor!

Quase meio dia o Salvador já preso à cruz.
Cruz, horror maldito, cruz de dura punição.
De repente trevas, pois fugiu a própria luz
Ah!

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Lavapés


Segue abaixo a letra da canção intitulada "Lavapés" de Jaci Maraschin:

Jesus, tu reuniste os teus amigos e lhes lavaste os pés humildemente; e enviaste os logo após entre os perigos de um mundo desumano e incoerente.

Também pediste que este teu exemplo se repetissem em nós, e que, ao invés de nos fecharmos em teu santo templo saíssemos lavando ‘inda outros pés.

Na poeira das estradas desta vida, vem, nossos pés lavar, tão doloridos, vem dar-nos mãos que acalmem a ferida dos que ‘inda longe estão de Ti perdidos.

Senhor, que os nossos pés assim lavados nas águas transparentes de tuas fontes indiquem sempre a cura dos pecados, e resplandeçam belos sobre os montes.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Compartimentalização, trânsito e anomia

Apesar da tentativa de compartimentalizar a vida em setores, na prática isto é dificílimo. A vida é um todo. O falso ideal do individualismo sucumbe diante do fato que somos interdependentes. Querer dividir a vida em campos pode ser comparada à seguinte situação: Nós precisamos ir ao congestionado e poluído centro de São Paulo, portanto, a fim de não prejudicar os nossos sistemas respiratórios nós os deixaremos em casa e quando voltarmos de nossa aventura citadina nós os recolocaremos.

Aliás, desviando um pouco do assunto, a Grande São Paulo está assombrosamente poluída, violenta e cheia de automóveis. Se esta Metrópole é um organismo, então ela está muito doente. O estado de anomia pode ser observado em toda a cidade. As ruas lotadas e esfumaçadas se configuram como um triste exemplo desta constatação. Agora falemos baixo... Não deixe nenhum político oportunista e nenhuma máfia dos transportes escutar isso: precisamos de mais linhas de metrô, barcos, trens, menos caminhões e carros... Em nome do organismo vivo chamado cidade, do povo sofrido e estressado, e da vida familiar saudável. Amém.

Ter uma compreensão holística da vida está diretamente associada ao cristianismo. Por haver uma consciência cristã conclui-se que não dá para ser discípulo/a de Jesus somente nos encontros daqueles/as que transpiram e inspiram juntos/as (conspiração) a mesma fé. Somos cristãos/ãs na cidade, na família, na escola, no trabalho, nos círculos de amizade, no trânsito, ou seja, em todos os âmbitos sociais. Se vivermos uma espiritualidade sadia à semelhança da que fora proposta por Jesus Cristo, todas as áreas do viver serão irrigadas com o Evangelho do Reino. Sendo assim, o resultado será o desenvolvimento integral.

Graça, paz e bem!

sábado, 8 de março de 2008

O fio da história: Dia internacional da mulher


Há um tempo atrás eu e o Rev. Luiz Carlos Ramos confeccionamos um texto referente ao Dia internacional da Mulher e o publicamos na Revista Voz Missionária. Segue abaixo:

“Lá estavam elas, ao som dos teares, tecendo com fio lilás os tecidos que deveriam vestir e aquecer outros corpos - roupas que elas mesmas jamais vestiriam. Já próximas ao limite de suas forças, exaustas pelas 16 horas de lida diária, as operárias ainda encontravam ânimo para socorrer companheiras que se esvaíam tuberculosas; para saudar crianças recém-nascidas que saltavam pra dentro da vida ali mesmo, sob os teares; e para chorar as envelhecidas jovens que aos 30 anos agonizavam em seus postos e se despediam de sua breve vida. Entretanto, embaladas pelo ritmo das máquinas, e com o colo molhado pelas lágrimas, gestavam sonhos de esperança: salários dignos, melhores condições de saúde, jornada de trabalho que lhes permitisse abraçar mais longamente suas crianças, beijar mais ternamente seus maridos e saborear um pouco mais a comunhão à mesa na simplicidade dos seus lares. Contagiadas por esse sonho, foram compartilhá-lo com o patrão. Mas o patrão, indignado com tamanho absurdo julgou ser este um caso de polícia e resolveu transformar aquele sonho divino em um pesadelo infernal. No dia 8 de março de 1857 as portas da fábrica Cotton de Nova York foram trancadas e o edifício transformado em um grande crematório onde 129 mulheres foram sacrificadas. Mas a fumaça daquele holocausto espalhou-se por todo lugar levando consigo o sonho daquelas mulheres, contagiando e sensibilizando pessoas em todo o mundo que se encarregaram de tornar realidade aquele ideal. Mártires cremadas, fios lilases, gestantes de um mundo melhor inspiraram Clara Zetkin, a propor, durante o Congresso Internacional de Mulheres realizado na Noruega, em 1910, a instituição do Dia Internacional da Mulher. Desde então, a cada 8 de março, mulheres e homens reafirmam sua tarefa como tecelãs e tecelões de uma nova História.”

Eu dedico esta reflexão à minha querida esposa Suely: mulher cristã, forte e sensível. Não obstante, espero que mulheres e homens se movam em resposta ao convite de Deus para serem gestantes de um mundo melhor.

Graça, paz e bem!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O trilho da fé: entre o simbólico e o diabólico

Não há como negar que a fé cristã possui uma realidade sim-bólica deveras eloqüente e rica de significados para quem se aventura a trilhá-la. É o mundo mais ou menos restrito da espiritualidade. Adentrar nesta dimensão é lançar-se em um espaço que os/as artistas, e não as artes em si, anelam e ousam criativamente alcançar. Não deixa de ser uma doce e suave tentativa a de sentir mais do que entender-verbalizar o imaterial. Porém, o sentido que se alcança pode conduzir o indivíduo a enveredar-se por três rumos, a saber: (1) embrutecer a humanidade com a palpável e sólida matéria - sinais da angústia e da desesperança; (2) acender a chama ensimesmada do autogozo, via de regra, a-divina, des-umana, anti-animal e dia-bólica; ou (3) redimensionar a existência para um viver divino-e-amorosamente-humanizado. Eis a tarefa: “cristianizar-se”, escolher e trilhar o nosso Caminho.

Graça, paz e bem!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Tempo (in)comum

Eu li nas Sagradas Escrituras que “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” [Sl 19,1]. Fiquei preocupado e me perguntei: quais céus? Digo isso porque o céu criado por Deus, azul tão belo, fora azulejado por um cinza que dá desgosto. Nada contra o cinza. Mas esse acinzentado que se vê tem a cor do pecado da ganância e do desamor. Por conseguinte, hoje eu descarto o tom bem-humorado, poético e/ou acadêmico...

Segundo o calendário litúrgico vivemos o Tempo Comum. Neste período é ressaltado que Deus age no cotidiano, nas coisas simples da vida e em toda a Criação. Por isso, muitos templos são ornamentados com a cor verde nesta época. Pensando nisso, eu questiono a ação profética da maioria das pessoas que se afirmam cristãs neste país, porque a profecia cristã foi pervertida ao ponto de ser confundida com adivinhação do futuro. Além disso, várias novelas e programas televisivos reforçam tal idéia “emburrecendo” as gentes.

A quantidade de católicos/as, ortodoxos/as e evangélicos/as é imensa. Conforme o último senso o grupo evangélico é 15,7% da população brasileira. Imagine todo esse povo reunido contra todas as ações governamentais e privadas que agridem a Natureza e a Vida Humana. Imagine que todos/as os/as cristãos/ãs têm consciência de que toda a forma de agressão ao mundo criado é uma afronta contra Deus. Imagine que tais pessoas parem de trabalhar, comprar e pagar impostos em protesto às bestialidades que são praticadas nesta terra de ninguém até que as coisas se normalizem. Digo normalizem porque a anormalidade é normal por aqui.

Na frente de todos os templos poderiam ser colocados cartazes com a envelhecida frase atualizada: “Brasil: ame-o ou deixe-o. Pois, conforme o Evangelho, quem ama cuida, corrige, reage, muda, critica e age.” Em outros termos, não dá para ficar nos templos buscando benefícios individuais de um “deus mesquinho e capitalista”, enquanto a Criação é deflorada e moída... há quem chame isso de conivência e/ou pecado.

Se de um lado a Criação é violentada, do outro observa-se a busca, nos redutos cristãos, pelo poder do Espírito Santo para mandar nos/as outros/as e pisar naqueles/as que impedem os/as crentes de prosperar. Esquecem que o poder é concedido para servir a Deus e ao/à próximo/a com amor, liberalidade e alegria. O poder, quando exercido na perspectiva do Reino, faz brotar vida irrigando e adornando a Criação.

Todos/as fazem parte do mundo criado, no entanto muitos/as se deslembram disso. Contemplam-se políticos/as e poderosos/as viajando pelo mundo em seus jatos particulares despreocupados/as com a destruição da Terra, por outro lado alguns/algumas crentes ficam “viajando” nos templos em meio aos seus êxtases egoístas e às suas tradições idolátricas.

Muitas pessoas não reciclam o lixo. Não cuidam dos rios e das matas. Não tomam uma atitude com relação às empresas petrolíferas que forçam a todos/as a usarem seus produtos poluidores. Aliás, os veículos continuam usando gasolina, álcool ou diesel, ao invés de energia elétrica, água, luz solar ou força eletromagnética. Não reagem à desigualdade social, por isso ela aumenta celeremente. Não cuidam das pessoas mais frágeis da sociedade, porque preferem o descaso e a insegurança generalizada. Não fazem nada diante dos poderes corroídos pelo mau uso do dinheiro. Não promovem a paz. Não votam direito... na maioria das vezes por falta de boas opções. Não punem os/as corruptos/as, afinal eles/as merecem desfrutar do conforto de suas mansões e de todo tipo de regalias. Enfim, amam única e parcialmente os seus umbigos, logo ficam nos lugares de culto com as mãos levantadas ao céu glorificando a Deus e não dão crédito àqueles/as que asseveram profeticamente que a vida cristã envolve todas as áreas do viver.

Eu poderia jogar a culpa para o Criador declarando que faltou conceder aos seres humanos inteligência e sensibilidade, mas não é o caso. Alguma coisa está errada. Talvez não se façam mais discípulos/as de Jesus Cristo como antigamente. Ser cristão/ã não necessariamente é o mesmo que ser católico/a, evangélico/a ou ortodoxo/a. Ser cristão/ã não é repetir rituais ou manter a família debaixo de um tradicionalismo inoperante e hipócrita. Ser cristão/ã é assemelhar-se a Cristo, é segui-lo, é experimentá-lo dia-a-dia na comunhão com seu Espírito Santo, é agir de modo semelhante a Ele, é pastorear o mundo com amor. Neste Tempo Comum a Criação geme... envergonhar-se diante de tanta pornografia seria um passo inicial oportuno.

Graça, paz e bem!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Djavan e João Alexandre

Os últimos dois últimos CDs que comprei, ouvi e gostei são "Matizes" (Djavan) e "É Proibido Pensar" (João Alexandre). Sugiro a você que ao menos ouça. Destaco abaixo uma canção de cada Disco:

Imposto – Djavan

IPVA, IPTU, CPMF forever. É tanto imposto que eu já nem sei!... ISS, ICMS, PIS e COFINS, pra nada... Integração Social, aonde? Só se for no carnaval.

Eles nem tchum, mas tu paga tudo. São eles os senhores da vez. Tu é comum. Eles têm fundo pra acumular, com o respaldo da lei. Essa gente não quer nada. É praga sem precedente. Gente que só sabe fazer por si, por si.

Tudo até parece claro à luz do dia, mas claro que é escuso. Não pense que é só isso. Ainda tem a farra do I.R. Dinheiro demais! Imposto a mais, desvio a mais e o benefício é um horror. Estradas, hospitais, escolas. Tsunami a céu aberto. Não está certo.

Pra quem vai tanto dinheiro? Vai pro homem que recolhe o imposto, pois o homem que recolhe o imposto é o impostor.

É proibido pensar – João Alexandre

Procuro alguém pra resolver meu problema, pois não consigo me encaixar neste esquema. São sempre variações do mesmo tema. Meras repetições. A extravagância vem de todos os lados e faz chover profetas apaixonados morrendo em pé rompendo a fé dos cansados com suas canções.

Estar de bem com vida é muito mais que renascer. Deus já me deu sua palavra e é por ela que ainda guio o meu viver. Reconstruindo o que Jesus derrubou. Re-costurando o véu que a cruz já rasgou. Ressuscitando a lei pisando na graça. Negociando com Deus. No show da fé milagre é tão natural que até pregar com a mesma voz é normal. Nesse evangeliquez universal se apossando do céus. Estão distantes do trono, caçadores de Deus ao som de um shofar. E mais um hino importado dita as regras pra nos escravizar. É proibido pensar!

Se você não gostou das dicas me desculpe... eu tentei.

Graça, paz e bem!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Teologia: reflexão, sorriso e caminhada.

O mundo dá voltas... eu fico sorridente. Permita-me tentar explicar...

Andei um bom período fazendo teologia, mas sem saber que teologizava. Isso é normal. Teologia é vida com Deus e não estudo de Deus. Até quem declara ser avesso à teologia acadêmica está teologizando.

Posteriormente, caminhei ao lado da teologia ortodoxa e da teologia pentecostal.

Dei, em seqüência, alguns passos em parceria com a teologia evangelical.

Fui à escola estudar... embriaguei-me com a teologia da libertação e a teologia liberal. Admirei a neortodoxia teológica e a teologia neoliberal.

Depois dos anos de academia e o tempo anterior d.escola.do veio o Big Bang. Libertei-me quando no Evangelho me ancorei. Hoje em dia eu visito todas as teologias, pois todas me ajudam a viver melhor. Nenhuma tem condições de dar a última palavra, todas tem qualidades e defeitos. Em outras palavras, “bebo com moderação”.

Uma coisa é certa: quando o Evangelho pulsa veemente no coração nós estamos libertos/as das cercas dos rótulos, das fórmulas, dos jogos, da carranca, do troco e da guerra. Desfrutamos a teologia da Graça que liberta. Teologizamos nas andanças da vida ao lado de Deus.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Espere um pouco... vejo um/a amigo/a trilhar um caminho muito parecido com o meu...

O mundo dá voltas... eu fico sorridente. Eu rio de mim mesmo. “Vâmo crente qui atraiz vem gente”.

Graça, paz e bem!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Ano Novo


Irmãos/ãs, Amigos/as, Alunos/as,

muito obrigado pelo ano de 2007 que passamos juntos.

Ainda hoje, em vários lugares deste Brasil varonil, ouve-se o canto poético de Rogério Flausino intitulado Dias Melhores:

“Vivemos esperando dias melhores, dias de paz, dias a mais, dias que não deixaremos para trás.
Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo.
Vivemos esperando o dia em que seremos para sempre. Vivemos esperando... dias melhores pra sempre.”

E a grande notícia é que tudo isso pode realmente acontecer. O Evangelho de Jesus Cristo tem a capacidade de fazer com que tais anseios se concretizem. Eu não estou discorrendo sobre igrejismos, burro-cracia eclesiástica ou coisas do gênero. Esta minha reflexão se firma exclusivamente numa experiência profunda com o Cristo Vivo.

Que neste Novo Ano possamos priorizar o Evangelho em nossos projetos, em nossas relações e em nossos afazeres diários. Desta forma, certamente os dias serão certamente muito melhores.

Permaneçamos juntos em 2008.

Graça, paz e bem!