Há alguns anos no meio cristão evangélico as
tensões entre protestantes e pentecostais tomavam grande espaço nas pautas
eclesiais. De um lado estavam aqueles(as) que se afirmavam estudiosos das
Escrituras, praticantes de uma liturgia solene, afeitos ao investimento
educacional e sensíveis às causas sociais.
De outro o grupo daqueles(as) que se abriam aos dons espirituais, aos
milagres e aos cultos mais descontraídos e fervorosos.
Não havia problema algum com as duas
práticas, pois é correto estudar a Palavra, realizar um culto racional,
abrir-se ao derramar do Espírito Santo e à manifestação dos dons, orar pela
cura, promover a libertação de quem está oprimido(a) por demônios etc. A
dificuldade se instala quando as ações e reflexões destas duas confrarias são
cristalizadas servindo de fundamento para diversos tipos de violências
exercidas reciprocamente.
Posteriormente surge um novo grupo que
seleciona algumas coisas dos protestantes e dos pentecostais, porém inclui e
enfatiza novidades importadas de outras religiões e filosofias religiosas.
Estas últimas podem ser caracterizadas pela cura interior, prosperidade
financeira, batalha espiritual, regressão ao ventre materno, entrevista a
demônios e quebras de maldições. Tais práticas aumentam consideravelmente a
audiência para estas religiões.
Formado este “neo-modelo-híbrido-evangélico-de-ser”,
duas reações ocorrem. A primeira reação foi daqueles que outrora se estranhavam,
isto é, protestantes e pentecostais. O “projeto” desses ex-briguentos e agora
parceiros foi rechaçar as distorções promovidas pelos “neo-modelos-híbrido-evangélico-de-ser”. Como
a repulsa não surte muito efeito, a segunda reação é um afastamento aproximado
aos “neos”. Isso gerou uma espécie de “protestantes novos” e “pentecostais
novos”.
Acontece que as mudanças no mundo
cristão-evangélico não pararam. Se nos “neo-modelos-híbrido-evangélico-de-ser” mais e mais
novidades são inseridas pela busca de novos adeptos e aumento da audiência, nos
“novos-protestantismos-de-antes” e “novos-pentecostalismos-de-outrora” os
mesmos anseios passam a orientar as agendas eclesiásticas. Percebe-se uma
desconfiguração tamanha. Não é mais a boa teologia, a busca dos dons
espirituais e a confiança num Deus extraordinário que se move no ordinário da
vida que move os corações e mentes.
Nestes “novos-protestantismos-de-antes” e “novos-pentecostalismos-de-outrora”,
o Evangelho, a santificação, o estudo sério e profundo das Escrituras, a
transformação da mente, o fervor espiritual e os carismas do Espírito Santo não
são tão importantes. A busca pela fórmula do sucesso, do “espetáculo cúltico”, do
treinamento para dar resultado (de inspiração “herbalifeana”), das práticas que
fazem aumentar a membresia e o controle maior da liderança sobre os/as
liderados/as dão o tom.
Aumenta o cinismo, a falsidade, a descrença,
o desamor e o ceticismo... Tudo isso com uma falsa roupagem de espiritualidade
cristã. O Jesus das Escrituras foi trocado por um “Jesus boa pinta, megatrilionário,
destruidor dos fracos, patrocinador dos fortes e poderosos”.
O que era sólido se desmancha no ar.
Falta estudo bíblico sério em muitas Escolas Dominicais. Falta discipulado sério em muitas igrejas. Enfim, falta um encontro com Deus diário, profundo, transformador, libertador e salvífico.
A fé de muitos/as tem se esfriado, mesmo em
meio aos calores desse fogo estranho que queima nas velhas-novas-igrejas e nos “neo-modelos-híbrido-evangélico-de-ser”.
Ponto negativo para os “neo-modelos-híbrido-evangélico-de-ser”, para os "novos-protestantismos-de-antes”
e os “novos-pentecostalismos-de-outrora”. Qual será o fim disso?
É tempo de reforma... ou de quebradeira
mesmo.
Neste dia 12 de dezembro de 2012 bem que o
mundo poderia chegar ao fim. Todo olho veria, toda língua confessaria que Jesus
Cristo é o Senhor e Salvador. Bem... o que aconteceria com a corja daqueles que
distorceram e distorcem o Evangelho não é da minha alçada.
Que Deus tenha misericórdia de nós. Quem está de pé cuide para não cair.
Graça, paz e bem!