quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Por trás das palavras

MESTERS, Carlos. Por trás das palavras: um estudo sobre a porta de entrada no mundo da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1998.

Peço licença para um comentário apaixonado: Eu estou relendo um livro maravilhoso intitulado “Por trás das palavras...”. Se você puder: leia, releia, medite e beneficie as pessoas com as quais você convive.

Eis uma "pitada" do livro:

“O instrumento mais importante da interpretação não é o microscópio com que se olha, mas são os olhos que olham pelo microscópio. Os olhos, porém, não se fabricam nem recebem diplomas. São dons que se recebem do Autor da vida e que nascem da convivência com os outros”.

Antes de comentar a frase não se esqueça da recomendação bíblica: “O que responde antes de escutar terá a estultícia e a confusão” [Provérbios 18,13]

Que pressão da minha parte... perdoe-me.

Graça, paz e bem!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Aventuras de um pesquisador: "exorcismo"

Será que estou no Coliseu, no Pacaembu, em um Matadouro... sei lá, começa o diálogo:

- Faltam alguns minutos para começar.
- Mas que demora!
- Calma, a taxa paga vale a pena.
- Estou achando que fui enrolado.
- Não, é assim mesmo. Nós vamos ver.
- Sangue?
- Não. Nós vamos ver.
- Emoção?
- Não. Nós vamos ver.
- Ação?
- Calma.
- Mas não é nada disso que eu falei?
- Mais ou menos.
- Eu não estou agüentando mais.
- Quando você ver... aí você poderá extravasar.

De repente percebe-se um movimento no lado esquerdo da platéia. Sem demora uma questão é feita ao grande animador:

- É este homem?

Rapidamente vem a resposta:

- Não!

Outro movimento... agora no lado direito. O público fica apreensivo. E novamente a pergunta:

- É este?

Noto os olhos vidrados da multidão sedentos por sangue, emoção e ação... A apreensão contagia a massa. Afirma o animador:

- Não.

O povo alvoroçado grita:

- Mostra, mostra, mostra!

Um silêncio aterrorizante se dá. Percebo a tensão naqueles que procuram o indivíduo que será escolhido. Todas aquelas pessoas respirando juntas criam um imenso calor. Alguns se agarram aos seus livros. Outros cruzam os dedos e fecham os olhos. Há também quem comece a desfazer o seu lindo penteado. Bem próximo a mim uma mulher aparentemente estressada, com a situação e com a multidão que se aglomera, olha para trás a fim de visualizar sua filha e o genro. Percebo que ela está com falta de ar e um pouco atordoada. Sem demora o animador berra e aponta o dedo:

- É ela!

Pensei eu: mulher, de novo mulher, só dá mulher neste palco... justamente aquela que passava mal naquele ambiente inóspito e insalubre. Os auxiliares do animador correm em direção a mulher, seguram os seus braços. O animador fixa o seu olhar na vítima-cordeiro, fala algo, movimenta as mãos... eis a hipnose. A mulher só queria ar puro... infelizmente terá que amargar o ar poluído e viciado dos responsáveis pelo abate. Grunhidos e brutalidades podem ser contempladas e ouvidas. Em meio a isso o povo vaia, grita, aplaude, salta, lança olhares de ódio, movimenta bruscamente as mãos. É chegada a hora. A partir deste instante toda raiva, medo, angústia, frustração, ansiedade e dor se concentrarão naquele palco. O animador avisa:

- Ninguém veio aqui pra nada não!

Eis a cena: um matadouro, um animal, um carrasco e um empresário. Ou será: um goleiro, um chutador, um apito e uma multidão? É óbvio que há casos verídicos que devem ser tratados com todo o cuidado e respeito possível, no entanto o “Exorcism Show” me enoja. Mas o problema é só meu. Sou eu quem está pesquisando. É difícil tirar os óculos de discípulo de Cristo e colocar os óculos de cientista. Eu aprendo... entretanto dói.

Graça, paz e bem!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O meu socorro

Elevo os meus olhos para os morros:
de onde me virá o socorro?


Elevo os meus olhos para Brasília:
de onde me virá o socorro?


O meu socorro vem do Senhor,
que fez o céu e a terra.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Profetismo: compromisso, fidelidade e consagração

Constatações

Infelizmente a realidade de um grande número de igrejas cristãs no Brasil não se traduz numa relação com Deus, mas sim, com o Mercado. Outra face vista nesta realidade eclesial é a alienação de homens/mulheres das Comunidades de Fé, feita por algumas pessoas da classe eclesiástica que atuam apenas como repetidoras do paradigma mercadológico contemporâneo, isto é, satisfazer os desejos do/da cliente. Se de um lado nota-se a ausência de entendimento profético por parte de determinados/as líderes, do outro há aqueles/as que fazem “vistas grossas” à atuação dos profetas do Antigo Testamento e do próprio Jesus Cristo na sociedade do seu tempo.

Destarte, muitos/as fiéis acabam ficando à mercê de uma teologia opressora, pregada em muitos púlpitos, centralizada no “quem paga, manda”. Há, portanto, carência do ensino que tornaria a fé em algo mais concorde com os preceitos bíblicos e que promoveria uma ação profética mais coerente com a Palavra de Deus.

Uma porção da Bíblia

As constatações acima podem ser confrontadas com o texto de Miquéias 3,5-8:

5 Assim diz o Senhor contra os profetas que fazem errar o meu povo, que clamam: Paz! quando têm o que mastigar, mas contra aquele que nada lhes mete na boca, preparam guerra. 6 Portanto, se vos fará noite, sem profecias, e haverá trevas, sem adivinhações. Por-se-á o sol sobre estes profetas, e o dia sobre eles se escurecerá. 7 Os videntes se envergonharão, e os adivinhos se confundirão. Todos eles cobrirão os seus lábios, porque não haverá resposta de Deus. 8 Mas quanto a mim, eu estou cheio de poder, do Espírito do Senhor, e cheio de justiça e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão, e a Israel o seu pecado.

O profeta Miquéias, ao contrário de alguns falsos profetas de hoje, compreendeu muito bem o que é ser profeta. O livro de Miquéias revela que o profeta nasceu em Morasti, uma aldeia próxima a Jerusalém e atuou no dias de Joatão, de Acaz e de Ezequias. No ano de 722 a.C., a Assíria, sob o reinado de Teglat-Falasar III, subjuga os países da região da Palestina. Sendo assim, o reino de Judá se rende ao jugo imposto pela Assíria e para não ser destruída submete-se a pagar um alto tributo. Uma vez que Jerusalém era obrigada a pagar esta taxa, as explorações e manipulações para que os poderosos jerusolimitanos (rei, chefes, latifundiários, juizes, sacerdotes, profetas) mantivessem seu status quo ocorria em grande escala e a maior prejudicada era a população. É, portanto, neste período que surge o profeta Miquéias como porta-voz de Deus para desmascarar os falsos profetas e toda a maldade cometida contra o povo da terra apontando para algumas características proféticas aprovadas pelo Senhor.

Compromisso – Mq 3,5

A denúncia feita por Miquéias, no verso 5, se refere a certos profetas que estavam aproveitando da autoridade obtida para seduzir com o intento de enganar o povo. Os denunciados, ao invés de serem bons condutores de todo um grupo, procurando dar condições para que homens e mulheres caminhassem bem segundo o anelo de Deus, agiam descompromissadamente. O resultado é que muitas pessoas estavam totalmente perdidas e acreditando que todo o mal vivenciado tinha o apoio de Deus. Para contentamento de alguns mercenários, grande parte da população nem ousava se levantar contra os “servos do Senhor”.

Os profetas que não tinham compromisso eram daquele tipo que fazia profecias mediante pagamento, sendo essas sempre favoráveis àqueles/as que lhes pagavam. De tal forma, o povo pobre, por necessitar subsistir, não iria gastar “dinheiro” com esses profetas. Logo, aqueles que detinham o poder aproveitavam para cometer as maiores maldades contra os camponeses.

Desta forma, no parecer de Miquéias, a atitude profética verdadeira é agir com compromisso. Isso significa entender que a vocação dada por Deus, para atuação no meio do povo, deve ser levada com seriedade de modo que o profeta procure sempre conduzir e observar se a população está sendo bem orientada. Por conseguinte, está descartada a prática da sedução para enganar, espoliar e lucrar com a fé das pessoas.

Fidelidade: Mq 3,6-7

Na leitura dos versos 6 e 7, Miquéias mostra quais serão os resultados de tanta injustiça cometida contra o povo carente de direção na vida. Entende-se essas palavras como um desqualificativo moral e religioso e, por conseguinte, não se trata de uma verdadeira previsão punitiva. De vez que os profetas eram infiéis e falsos, Deus não os guiava e dessa forma não faria diferença se o Senhor se ausentasse desses profetas. Faria diferença sim, se todo o seu projeto de opressão fosse desmascarado. Com certeza a vergonha cairia sobre os profetas e os poderosos, pois não teriam mais como acobertar a injustiça. Conseqüentemente, quando se lê que os profetas infiéis não conseguirão profetizar e cobrirão os lábios, ou a barba, significa que eles perderão a sua dignidade e respeito, pois Deus, através do profeta, desmascarará toda a mentira e eles cairão em descrédito.

Ao contrário dos profetas que são fiéis a si mesmos, fica claro no proceder de Miquéias que o profeta de Deus sempre procura ser fiel. Ser fiel é ser alguém constante, firme e leal a Javé e ao povo, bem como a função a que foi incumbido de realizar. Ser fiel é proferir a vontade de Deus a todas as pessoas tal como ela é, ao invés de beneficiar àqueles/as que pagam bem. Sendo assim, a fidelidade é existente quando a pessoa não se prostra à corrupção e nem a injustiça – coisas próprias de quem não tem Deus como único Senhor, mas idolatram o poder, a riqueza e a ganância. Cabe lembrar que a verdadeira profecia sempre aponta para a justiça, conversão, misericórdia, perdão, liberdade e paz.

Consagração: Mq 3,8

No versículo 8, Miquéias faz a seguinte afirmação a respeito de si mesmo: “Eu, contudo, estou cheio da força, (do Espírito de Deus) de direito e de coragem, para anunciar a Jacó o seu crime e a Israel o seu pecado”. Conforme vemos neste versículo, ter o Espírito de Deus é estar cheio da sua força, direito e coragem para anunciar a Jacó o seu crime e a Israel o seu pecado.

Força e coragem são termos que se completam e tornam explícita a capacitação que é necessária para enfrentar todos os tipos de hostilidade que possivelmente Miquéias receberia por trazer a verdade à tona. E de direito, que soa como aquele que procura ser dirigido pela justiça... justiça essa ausente nos magistrados e “profetas sedutores”, ambos “amantes” do crime e do pecado.

Portanto, a consagração é a dedicação ou o oferecimento da vida a Deus, como reconhecimento de que é o único Senhor, como também, uma confirmação de que fazer a vontade divina é o que importa... independente das conseqüências. Por conseguinte, a consagração é uma terceira característica importante, que leva o profeta Miquéias, cheio do Espírito de Javé, anunciar a Jacó o seu crime e a Israel o seu pecado. Como resultado da consagração a Deus, Miquéias foi fortalecido, encheu-se de coragem e de direito para desmascarar uma teologia maligna que injustiçava o povo ingenuo e crédulo.

Desafios

O chamado que Deus nos apresenta, como pessoas que atuam e/ou atuarão no meio do povo cristão, e especificamente no Brasil, é a que sejamos verdadeiros/as profetas e profetizas do Senhor. É neste texto de Miquéias que encontramos características que podemos buscar.

Se nós temos visto muita gente falando falsamente em nome de Javé, devemos fazer o contrário, pois somos homens/mulheres comprometidos/as com Deus. Se nós cremos que vale a pena servir ao Senhor e ao/à próximo/a precisamos conduzir bem os grupos cristãos com os quais trabalhamos ao invés de seduzi-los objetivando enganá-los. Deus nos encoraja a darmos condições para que homens e mulheres caminhem por sendas suaves, também como superem as dificuldades diárias com consciência e sabedoria.

Uma vez que temos comunhão com o Senhor precisamos permitir com que as pessoas procurem saber qual a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Se nós fazemos parte do corpo de Cristo, e sabemos o que isso significa, precisamos mais e mais agir com seriedade.

A partir do momento que nos tornamos discípulos/as de Jesus Cristo, fomos capacitados/as para profetizar. Isso significa ser constante, firme e leal a Deus, bem como à função a que fomos incumbidos/as de realizar. Outro aspecto importantíssimo é esforçar-se por proferir a vontade do Senhor a todas as pessoas tal como ela é, ao invés de beneficiar àqueles/as que pagam bem. Agindo assim, não cederemos à corrupção e nem a injustiça, pois estas são coisas próprias de quem não ama a Deus.

Completando, nós como profetas e profetizas do Senhor não podemos deixar de nos consagrar dia após dia, dedicando a vida a Deus, como reconhecimento de que Ele é o único Senhor. Aquele/a que é consagrado/a se esforça para fazer a vontade divina independente dos resultados e, conseqüentemente, será orientado/a a anunciar à Igreja e demais setores sociais o seu crime e pecado. Além disso, terá força, coragem e direito para desmascarar toda teologia falsa-perversa-maligna que favorece a injustiça.

Como profetas e profetizas de Deus no século XXI d.C, nós também podemos cultivar as características identificadas no profeta Miquéias (século VIII a.C.), a saber, Compromisso, Fidelidade e Consagração.

Graça, paz e bem!



[Texto fundamentado no seguinte artigo: ANTUNES FILHO, Edemir. Chorar e lamentar... porque a nossa omissão profética denota a nossa aquiescência no processo de exclusão: Miquéias 3,5-8. In: Mosaico Apoio Pastoral, nº 17. SBC: Editeo, abril-maio, 2000. p. 8-9.]

domingo, 12 de agosto de 2007

Meu pai, meu amigo

Num dia como esses (Dia dos Pais) eu não posso deixar de falar do meu pai: Edemir. Com o passar do tempo eu percebi que possuo algumas características semelhantes às dele: organização, busca por aprender, “caxianismo” (advindo do termo “caxias”), observação, “rabugice bem humorada”, equilíbrio etc. Algo que eu não posso deixar de mencionar é a fé. O modo como ele experienciou a Deus-Pai, a Jesus Cristo e o Espírito Santo marcou o meu jeito de viver a caminhada cristã. Embora eu tenha crescido e amadurecido, os ensinamentos e testemunhos que dele recebi a respeito de Deus me são valiosíssimos. Lembro-me que ele sabia lidar muito bem com os diferentes grupos cristãos, na época “tradicionais” e “avivados/as”. Com muita sensibilidade ele pastoreou homens/mulheres diferentes e divergentes. Tudo isso contribui para que eu estivesse aberto a aprender com todas as pessoas – independentemente do modo como elas se expressam no contato com o Senhor. Na atualidade, eu procuro pastorear o povo de Deus com o máximo de amor, carinho, respeito e cuidado. As pessoas que o Senhor colocou em meu caminho devem ser apascentadas com afabilidade e ternura – logo, eu me esforço para agir assim. Trago em minha memória o bíblico e paterno conselho pastoral: “Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como irmãs, com toda a pureza”. [I Tm 5,1-2]

Eu participei de eventos e encontros diversos, também como me aventurei por vários setores do “mundo cristão”. Sempre fui incentivado pelo meu pai e minha mãe e, às vezes, escutava algumas verdades concernentes a determinadas práticas que eu estava adotando. Experimentei, devido a uma intensidade desgovernada que habitava em meu peito, os entusiasmos dos movimentos tradicionais, progressistas, liberais, ecumênicos e avivalistas. Em decorrência dessas experiências acabei aprendendo um pouco de cada e notando que todas as alas possuem características positivas e negativas. Hoje em dia eu procuro o máximo de equilíbrio possível. Não sou mais favorável aos rótulos, pois eles apresentam uma mescla de perigos e fardos que eu não preciso viver nem carregar – o Evangelho me libertou e confere libertação cotidiana. Essa postura tem me ajudado a ser mais piedoso com o/a próximo e comigo mesmo. É óbvio que o exemplo de meu pai ajudou-me muito em minha vida como discípulo de Jesus Cristo. Por isso, eu tenho que agradecer ao Pai Celestial por me conceder o privilégio de conviver com o meu pai.

Pelo amor, compreensão e apoio que recebi e recebo do meu pai eu sou imensamente grato pelo “Seu Demí” (muita gente o chama assim... e a mim também).

Que Deus abençoe o meu e o seu pai.

Graça, paz e bem!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Quadrinhos "divinos"

Quadrinho do Glauco: Zé do Apocalipse

Quadrinho do Laerte: Deus
Apesar de alguns exageros, muitos quadrinhos do Laerte e do Glauco são divertidos e inteligentes. Vale a pena conferir!


sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Reformar o coração

De tempos em tempos uma “pérola” é lançada neste “meio igrejeiro cristão” causando raivas mil. Santas são quebradas, Papas discursam aqui, Pastores/as respondem lá, orelhas ardem com xingamentos, debates inócuos são retomados, o Evangelho é esquecido e muitas pessoas acabam falhando por esquecer-se de que Reformar católica-pentecostal-e-protestantemente a vida é essencial.

Ao estudar um pouco da História do Cristianismo notar-se-á que foram cometidos diversos atos violentos por parte de “cristãos/ãs”. Esta constatação indica que o pecado não é uma particularidade de determinado grupo religioso. Reconhecer esta realidade é o primeiro passo para que o/a fiel se torne menos desumano, inquisidor/a e semelhante a alguns fariseus que prejudicaram toda a classe farisaica em decorrência da arrogância e hipocrisia testemunhal.

Eu li o seguinte no Evangelho segundo Marcos: “Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. Os escribas e fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos e sim pecadores”. (Mc 2,15-17)

Em seqüência, lembrei-me das palavras de Mario Quintana: “Cuidado! Muito cuidado... Mesmo no bom caminho urge medida e jeito. Pois ninguém se parece tanto a um celerado como um santo perfeito”.

Urge buscar sabedoria do Alto e não se deixar levar pela imprudência de fariseus e celerados. Por conseguinte, talvez seja mais adequado aos/às protestantes abalizarem erros de protestantes, para depois discorrerem sobre os equívocos praticados por católicos/as e ortodoxos/as. Pontuar a iniqüidade cometida ajuda no processo de santificação, todavia o problema está justamente na utilização dos fatos para desqualificar grupos, isto é, agredindo-os (argumentos ad hominem e ad populum – escrevi difícil). Nós aprendemos com Jesus que esta atitude não testemunha o Evangelho, antes fomenta o ódio e as guerras frias-quentes-mornas. Amor e respeito ainda são válidos no tratamento de pecadores/as.

Na Academia é comum o uso da expressão crítica. Esta não significa falar mal, mas se esforçar para ter uma visão mais profunda do caso analisado. No meio acadêmico nem todas as pessoas aplicam em suas vidas um modo de ser como fora citado, no entanto esta postura deve fazer parte do viver de todo/a aquele/a que se afirma discípulo/a de Jesus Cristo. Antes de emitir declarações aguerridas e impensadas, é salutar que se tenha uma concepção mais densa possível da realidade. É certo que ao agir deste modo o erro ainda pode acontecer... agora imagine a pessoa que descarta a realização de uma análise mais apurada. (Ah! Quantas vezes eu já “paguei” pela minha “língua solta, imprudente e cretina”. Deus é minha testemunha!)

Eu aprendi que existem seguidores/as de Cristo em todas as igrejas “cristãs”. Ser neopentecostal, pentecostal, protestante, ortodoxo/a, católico/a não significa necessariamente que a pessoa é cristã. Por outro lado, nestas mesmas igrejas convivem as mais variadas pessoas (clérigas e leigas) com intenções diametralmente contrárias ao Evangelho. Portanto, a nossa tarefa principal é continuar olhando para o Alvo, tomando muito cuidado para não cair e vivendo na dependência do Espírito Santo. Distorções, sujeiras, preconceitos e agressividades estão presentes em todas as burro-cráticas instituições “cristãs”. Cabe a cada um/a o esforço por ser Cristão/ã (sem aspas), em outros termos, buscando uma constante reforma do coração na perspectiva integral do Evangelho (Igreja reformada, sempre reformando).

Lembremo-nos que Jesus Cristo sempre aponta amorosamente para o pecado convocando os/as seus/suas discípulos/as a uma Reforma ininterrupta.

Pare, pense, coce a cabeça e faça diferente.

Graça, paz e bem!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A bênção

Lá em Goiânia é muito comum os/as netos/as, filhos/as e sobrinhos/as da nossa família (do lado da minha esposa) pedirem a bênção para os/as avôs/avós, pais/mães, tios/as etc. A primeira vez que presenciei este ato eu fiquei deveras comovido. Bênção é um presente, em outras palavras, é um ato-gratuito-e-gracioso-da-Graça-de-Deus.

Declarar a bênção sobre a vida de uma pessoa significa, dentre várias ocorrências, anelar e promover o bem do Evangelho àquele/a que se ama, bem como atestar que o Senhor a acompanhará sempre. A repercussão da bênção na vida implica em guarida, proteção, iluminação, misericórdia, consolação e paz que vem do Alto.

Felizes aqueles/as que são abençoados/as. Privilegiados/as são estes/as que podem proferir a bênção, pois têm ciência de que a fonte do bem provém do Sumo Bem. Portanto, é oportuno orar para que todos/as os/as homens/mulheres conheçam-e-sintam-para-melhor-desfrutarem do bendito presente celestial.

Eu lamento por alguns indivíduos que, por desconhecerem a Graça, maldizem seres humanos com a prática de violências, de politicagens, de desrespeitos, de vadiagens, de explorações sexuais, de incitação ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, dentre outras ações banais.

Espero poder apregoar a bênção a todos/as com os/as quais eu conviver. Vale ressaltar que os/as meus/minhas sobrinhos/as e filhos/as na fé (membros da Igreja a qual eu pastoreio) tem sido beneficiados/as por este presente. É fato que eu sou o maior beneficiado de tudo isso.

Faz-me muito bem proclamar o bem. De graça recebi... de graça ofereço.

Que Deus o/a abençoe.

Graça, paz e bem!