domingo, 27 de janeiro de 2008

Tempo (in)comum

Eu li nas Sagradas Escrituras que “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” [Sl 19,1]. Fiquei preocupado e me perguntei: quais céus? Digo isso porque o céu criado por Deus, azul tão belo, fora azulejado por um cinza que dá desgosto. Nada contra o cinza. Mas esse acinzentado que se vê tem a cor do pecado da ganância e do desamor. Por conseguinte, hoje eu descarto o tom bem-humorado, poético e/ou acadêmico...

Segundo o calendário litúrgico vivemos o Tempo Comum. Neste período é ressaltado que Deus age no cotidiano, nas coisas simples da vida e em toda a Criação. Por isso, muitos templos são ornamentados com a cor verde nesta época. Pensando nisso, eu questiono a ação profética da maioria das pessoas que se afirmam cristãs neste país, porque a profecia cristã foi pervertida ao ponto de ser confundida com adivinhação do futuro. Além disso, várias novelas e programas televisivos reforçam tal idéia “emburrecendo” as gentes.

A quantidade de católicos/as, ortodoxos/as e evangélicos/as é imensa. Conforme o último senso o grupo evangélico é 15,7% da população brasileira. Imagine todo esse povo reunido contra todas as ações governamentais e privadas que agridem a Natureza e a Vida Humana. Imagine que todos/as os/as cristãos/ãs têm consciência de que toda a forma de agressão ao mundo criado é uma afronta contra Deus. Imagine que tais pessoas parem de trabalhar, comprar e pagar impostos em protesto às bestialidades que são praticadas nesta terra de ninguém até que as coisas se normalizem. Digo normalizem porque a anormalidade é normal por aqui.

Na frente de todos os templos poderiam ser colocados cartazes com a envelhecida frase atualizada: “Brasil: ame-o ou deixe-o. Pois, conforme o Evangelho, quem ama cuida, corrige, reage, muda, critica e age.” Em outros termos, não dá para ficar nos templos buscando benefícios individuais de um “deus mesquinho e capitalista”, enquanto a Criação é deflorada e moída... há quem chame isso de conivência e/ou pecado.

Se de um lado a Criação é violentada, do outro observa-se a busca, nos redutos cristãos, pelo poder do Espírito Santo para mandar nos/as outros/as e pisar naqueles/as que impedem os/as crentes de prosperar. Esquecem que o poder é concedido para servir a Deus e ao/à próximo/a com amor, liberalidade e alegria. O poder, quando exercido na perspectiva do Reino, faz brotar vida irrigando e adornando a Criação.

Todos/as fazem parte do mundo criado, no entanto muitos/as se deslembram disso. Contemplam-se políticos/as e poderosos/as viajando pelo mundo em seus jatos particulares despreocupados/as com a destruição da Terra, por outro lado alguns/algumas crentes ficam “viajando” nos templos em meio aos seus êxtases egoístas e às suas tradições idolátricas.

Muitas pessoas não reciclam o lixo. Não cuidam dos rios e das matas. Não tomam uma atitude com relação às empresas petrolíferas que forçam a todos/as a usarem seus produtos poluidores. Aliás, os veículos continuam usando gasolina, álcool ou diesel, ao invés de energia elétrica, água, luz solar ou força eletromagnética. Não reagem à desigualdade social, por isso ela aumenta celeremente. Não cuidam das pessoas mais frágeis da sociedade, porque preferem o descaso e a insegurança generalizada. Não fazem nada diante dos poderes corroídos pelo mau uso do dinheiro. Não promovem a paz. Não votam direito... na maioria das vezes por falta de boas opções. Não punem os/as corruptos/as, afinal eles/as merecem desfrutar do conforto de suas mansões e de todo tipo de regalias. Enfim, amam única e parcialmente os seus umbigos, logo ficam nos lugares de culto com as mãos levantadas ao céu glorificando a Deus e não dão crédito àqueles/as que asseveram profeticamente que a vida cristã envolve todas as áreas do viver.

Eu poderia jogar a culpa para o Criador declarando que faltou conceder aos seres humanos inteligência e sensibilidade, mas não é o caso. Alguma coisa está errada. Talvez não se façam mais discípulos/as de Jesus Cristo como antigamente. Ser cristão/ã não necessariamente é o mesmo que ser católico/a, evangélico/a ou ortodoxo/a. Ser cristão/ã não é repetir rituais ou manter a família debaixo de um tradicionalismo inoperante e hipócrita. Ser cristão/ã é assemelhar-se a Cristo, é segui-lo, é experimentá-lo dia-a-dia na comunhão com seu Espírito Santo, é agir de modo semelhante a Ele, é pastorear o mundo com amor. Neste Tempo Comum a Criação geme... envergonhar-se diante de tanta pornografia seria um passo inicial oportuno.

Graça, paz e bem!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Djavan e João Alexandre

Os últimos dois últimos CDs que comprei, ouvi e gostei são "Matizes" (Djavan) e "É Proibido Pensar" (João Alexandre). Sugiro a você que ao menos ouça. Destaco abaixo uma canção de cada Disco:

Imposto – Djavan

IPVA, IPTU, CPMF forever. É tanto imposto que eu já nem sei!... ISS, ICMS, PIS e COFINS, pra nada... Integração Social, aonde? Só se for no carnaval.

Eles nem tchum, mas tu paga tudo. São eles os senhores da vez. Tu é comum. Eles têm fundo pra acumular, com o respaldo da lei. Essa gente não quer nada. É praga sem precedente. Gente que só sabe fazer por si, por si.

Tudo até parece claro à luz do dia, mas claro que é escuso. Não pense que é só isso. Ainda tem a farra do I.R. Dinheiro demais! Imposto a mais, desvio a mais e o benefício é um horror. Estradas, hospitais, escolas. Tsunami a céu aberto. Não está certo.

Pra quem vai tanto dinheiro? Vai pro homem que recolhe o imposto, pois o homem que recolhe o imposto é o impostor.

É proibido pensar – João Alexandre

Procuro alguém pra resolver meu problema, pois não consigo me encaixar neste esquema. São sempre variações do mesmo tema. Meras repetições. A extravagância vem de todos os lados e faz chover profetas apaixonados morrendo em pé rompendo a fé dos cansados com suas canções.

Estar de bem com vida é muito mais que renascer. Deus já me deu sua palavra e é por ela que ainda guio o meu viver. Reconstruindo o que Jesus derrubou. Re-costurando o véu que a cruz já rasgou. Ressuscitando a lei pisando na graça. Negociando com Deus. No show da fé milagre é tão natural que até pregar com a mesma voz é normal. Nesse evangeliquez universal se apossando do céus. Estão distantes do trono, caçadores de Deus ao som de um shofar. E mais um hino importado dita as regras pra nos escravizar. É proibido pensar!

Se você não gostou das dicas me desculpe... eu tentei.

Graça, paz e bem!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Teologia: reflexão, sorriso e caminhada.

O mundo dá voltas... eu fico sorridente. Permita-me tentar explicar...

Andei um bom período fazendo teologia, mas sem saber que teologizava. Isso é normal. Teologia é vida com Deus e não estudo de Deus. Até quem declara ser avesso à teologia acadêmica está teologizando.

Posteriormente, caminhei ao lado da teologia ortodoxa e da teologia pentecostal.

Dei, em seqüência, alguns passos em parceria com a teologia evangelical.

Fui à escola estudar... embriaguei-me com a teologia da libertação e a teologia liberal. Admirei a neortodoxia teológica e a teologia neoliberal.

Depois dos anos de academia e o tempo anterior d.escola.do veio o Big Bang. Libertei-me quando no Evangelho me ancorei. Hoje em dia eu visito todas as teologias, pois todas me ajudam a viver melhor. Nenhuma tem condições de dar a última palavra, todas tem qualidades e defeitos. Em outras palavras, “bebo com moderação”.

Uma coisa é certa: quando o Evangelho pulsa veemente no coração nós estamos libertos/as das cercas dos rótulos, das fórmulas, dos jogos, da carranca, do troco e da guerra. Desfrutamos a teologia da Graça que liberta. Teologizamos nas andanças da vida ao lado de Deus.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Espere um pouco... vejo um/a amigo/a trilhar um caminho muito parecido com o meu...

O mundo dá voltas... eu fico sorridente. Eu rio de mim mesmo. “Vâmo crente qui atraiz vem gente”.

Graça, paz e bem!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Ano Novo


Irmãos/ãs, Amigos/as, Alunos/as,

muito obrigado pelo ano de 2007 que passamos juntos.

Ainda hoje, em vários lugares deste Brasil varonil, ouve-se o canto poético de Rogério Flausino intitulado Dias Melhores:

“Vivemos esperando dias melhores, dias de paz, dias a mais, dias que não deixaremos para trás.
Vivemos esperando o dia em que seremos melhores, melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo.
Vivemos esperando o dia em que seremos para sempre. Vivemos esperando... dias melhores pra sempre.”

E a grande notícia é que tudo isso pode realmente acontecer. O Evangelho de Jesus Cristo tem a capacidade de fazer com que tais anseios se concretizem. Eu não estou discorrendo sobre igrejismos, burro-cracia eclesiástica ou coisas do gênero. Esta minha reflexão se firma exclusivamente numa experiência profunda com o Cristo Vivo.

Que neste Novo Ano possamos priorizar o Evangelho em nossos projetos, em nossas relações e em nossos afazeres diários. Desta forma, certamente os dias serão certamente muito melhores.

Permaneçamos juntos em 2008.

Graça, paz e bem!