quinta-feira, 13 de março de 2008

Compartimentalização, trânsito e anomia

Apesar da tentativa de compartimentalizar a vida em setores, na prática isto é dificílimo. A vida é um todo. O falso ideal do individualismo sucumbe diante do fato que somos interdependentes. Querer dividir a vida em campos pode ser comparada à seguinte situação: Nós precisamos ir ao congestionado e poluído centro de São Paulo, portanto, a fim de não prejudicar os nossos sistemas respiratórios nós os deixaremos em casa e quando voltarmos de nossa aventura citadina nós os recolocaremos.

Aliás, desviando um pouco do assunto, a Grande São Paulo está assombrosamente poluída, violenta e cheia de automóveis. Se esta Metrópole é um organismo, então ela está muito doente. O estado de anomia pode ser observado em toda a cidade. As ruas lotadas e esfumaçadas se configuram como um triste exemplo desta constatação. Agora falemos baixo... Não deixe nenhum político oportunista e nenhuma máfia dos transportes escutar isso: precisamos de mais linhas de metrô, barcos, trens, menos caminhões e carros... Em nome do organismo vivo chamado cidade, do povo sofrido e estressado, e da vida familiar saudável. Amém.

Ter uma compreensão holística da vida está diretamente associada ao cristianismo. Por haver uma consciência cristã conclui-se que não dá para ser discípulo/a de Jesus somente nos encontros daqueles/as que transpiram e inspiram juntos/as (conspiração) a mesma fé. Somos cristãos/ãs na cidade, na família, na escola, no trabalho, nos círculos de amizade, no trânsito, ou seja, em todos os âmbitos sociais. Se vivermos uma espiritualidade sadia à semelhança da que fora proposta por Jesus Cristo, todas as áreas do viver serão irrigadas com o Evangelho do Reino. Sendo assim, o resultado será o desenvolvimento integral.

Graça, paz e bem!

3 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Caro Edemir,

Linda mensagem a sua de que "ao redor dos pães, teologizamos e construímos um mundo melhor".

Suas idéias do presente post leva isso ao extremo. Estar na cidade, no trânsito caótico, respirando o ar poluído ("ai meu nariz!"), pegando ônibus e metrôs lotados, é estar nos mesmos lugares que o velho homem pobre de Nazaré esteve.

Seu carro não tinha ar-condicionado, ele não morava nos Jardins, nem tinha helicóptero. Ele vivia aqui, na grande metrópole, São Paulo, Rio de Janeiro, Jerusalém, etc.

A melhor coisa que podemos fazer enquanto cristãos e cristãs é chorar como ele chorou diante daquela metrópole de seu tempo. Choro de sofrimento, de angústia e de identificação com os/as oprimidos/as. "Ai de mim", diria Miquéias, diria Jesus, deveríamos dizer nós.

Um abraço fraterno.

P.s.: Só hoje percebi que ainda não tinha colocado um link para o seu blog. Perdoe-me tamanho pecado. :=)

Cleber Baleeiro disse...

Pronto!!! Postei. Pode conferir.

Acho até que seria legal deixar em casa não só o aparelho respiratório, mas também o digestivo (é tão dificil fazer dieta).

Valeu pela cobrança, surtiu efeito.

Abraço!

Alysson Amorim disse...

A cidade é o palco do cinismo.

Usem o transporte público! dizem uns senhores engravatados que jamais usariam o transporte público.

Se fosse possível deixar o sistema respiratório em casa eu deixaria logo tudo, as orelhas e os olhos e a boca.

Abração.