
Em Atos 9,31 está escrito:
A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número. Inspirando-me neste belíssimo relato bíblico a respeito do modo de ser e estar da primeira Igreja eu escrevo àquele/a que não vai mais à “igreja”...
É muito bom que você não vá mais à “igreja”. Quando se têm um encontro profundo e verdadeiro com Jesus Cristo o/a cristão/ã não vai mais à um espaço “sagrado” para desfrutar de serviços religiosos, mas sim se reúne com outros/as discípulos/as de Cristo para adorar e louvar a Deus, para desfrutar de um encontro fraternal em torno do Evangelho, para compartilhar experiências com o Espírito Santo e para alimentar-se com a Palavra. Aqueles/as que caminham na perspectiva do Reino não vão mais à “igreja” porque eles/as não se deixam conduzir pela idéia de que há um lugar obrigatório para freqüentar. O/A discípulo/a, por conseguinte, sente a necessidade e o prazer de estar junto com outros/as irmãos/ãs e com eles/as se encontra e confraterniza-se amorosa e alegremente. Ele/Ela deixa de ir à “igreja” e, em unidade com outras pessoas cristãs, torna-se Igreja.
Quem vive a Igreja sabe que é imprescindível se reunir para prestar culto. Quem vive a Igreja não cai na cilada individualista de quem vai à “igreja” assistir cultos. Quem vive a Igreja aprende a conviver e a compartilhar ao invés de ir à “igreja” para mandar e reivindicar. Quem vive a Igreja se dispõe a aprender-e-ensinar rejeitando, assim, as práticas vangloriosas e arrogantes de quem vai à “igreja” como um/uma “sabe-tudo”, fofoqueiro/a, preconceituoso/a, encrenqueiro/a e “barraqueiro”. Quem vive a Igreja tem a oportunidade de exercitar o ouvir respeitoso e solidário e o falar humilde e delicado. Quem vive a Igreja tem o privilégio de amar-e-receber-amor. Quem vive a Igreja tem a honra de abençoar os/as demais irmãos/ãs valendo-se dos dons e talentos que o Senhor gratuitamente lhe concedeu. Quem vive a Igreja reconhece seus limites, erros e inconseqüências transformando-se num ser humano que se dispõe a ser suporte para aqueles/as que, também, anelam por superar os seus limites, erros e inconseqüências.
Quem vive a Igreja contempla o manifestar do Espírito Santo e Dele recebe o poder para fielmente servir a Deus e aos/às semelhantes. Quem vive a Igreja tem a grata e ardente satisfação de apresentar o Senhor da Igreja aos seus familiares, amigos/as, conhecidos/as e desconhecidos/as. Em suma, quem vive a Igreja tem paz, edifica-se, caminha no temor do Senhor, recebe conforto do Espírito, semeia o Evangelho e cresce em número. Por isso, a minha oração é para que Deus liberte milagrosamente homens/mulheres enclausurados/as pelo dever de ir à “igreja” e, em nome de Jesus, vivam comunitariamente a Igreja na força do Espírito.
Graça, paz e bem!