sexta-feira, 6 de julho de 2007

Anel de Tucum

Eis o resultado de uma das atividades manuais dos índios brasileiros: o anel de tucum. Este era confeccionado para ser vendido, e os lucros obtidos proporcionavam uma melhor qualidade de vida à população indígena e, conseqüentemente, à preservação de sua cultura.

Inicialmente as pessoas que compravam e usavam deste anel eram aquelas que se sensibilizavam com a causa indígena, ou seja, deste povo “brasileiro inicial” que ansiava e reclamava por terra, espaço, valorização e reconhecimento como seres humanos. Posteriormente, grupos envolvidos com a aspiração e estabelecimento imediato dos Direitos Humanos juntaram-se às vozes de centenas de índios/as em nome da vida, da paz, da justiça e do amor.

Noutro momento grupos especificamente citadinos, que visualizavam as disparidades sociais, aumentaram o número de homens e mulheres que estariam dispostos/as a resistir à desumanidade cometida contra os grupos indígenas do Brasil em nome da preservação da vida humana, bem como, de todos os seres vivos. Juntamente com este grupo uniram-se cristãos e cristãs que se sentiram compelidos/as a participar e partilhar desta causa, pois afirmavam ser discípulos/as de Jesus Cristo, a saber, um homem cujo ensino mais contundente era que o amor à vida era um reflexo daquele/a que amava a Deus sobre todas as coisas. Assim, já não era apenas a causa indígena que motivava, mas também, a exclusão racial, a opressão sofrida pela mulher, a exploração da criança, a injustiça social, a pobreza, os abusos cometidos contra a natureza, o capitalismo selvagem e toda a sorte de ocorrências caracterizadas como resultante da anomia social. Uma das afirmações do povo cristão era que todas estas maldades realizadas ofendiam a Deus profundamente e, desta forma, a maneira pela qual este utilizou para testemunhar à sociedade sobre Jesus, resistir e denunciar profeticamente o mal cometido era usando este anel.

Assim, em torno deste singelo anel de madeira nascia o símbolo daqueles/as que eram a favor da vida, da paz, do amor, da justiça e da valorização de todo o planeta. No meio cristão, especialmente para os grupos taxados de evangelicais e progressistas, este adereço passa a ser uma insígnia de uma vida de simplicidade, compaixão, solidariedade e misericórdia pautada pelos preceitos bíblicos. Vários/as discípulos/as de Cristo ao usarem este anel na contemporaneidade procuraram demonstrar que são a favor do amor a Deus, ao/à próximo/a e à toda a Criação de Deus, bem como da igualdade entre as pessoas. Por outro lado, se mostram diametralmente contrários/as às injustiças, o enriquecimento desregrado, a miséria, à destruição da natureza, os abusos cometidos, as exclusões, os preconceitos e as explorações no campo religioso.

Embora eu não use o tal anel, admito que toda a carga simbólica a ele relacionado é digna de nota. No entanto, ainda prefiro o meu coração marcado pelo Príncipe da Paz a tornar-me joguete nas mãos de sepulcros caiados que, por não terem sido transformados/as pelo Evangelho Vivo, adoram guerras e rumores de guerras – “manicuros/as de plantão” ávidos/as por associar o/a outro/a ao seu grupo ou para rotular, matar e destruir os/as diferentes... agindo como pequenos/as diabinhos/as. Pare e pense.

Graça, paz e bem!

8 comentários:

Unknown disse...

Oi Tio. Seu blog é legal. Mari.

Deus me fez Bela... disse...

Oi pastor... até que enfim pude saber que causa é essa, rsrs. Um tempo atrás fui em Embú-Guaçú visitar a famosa "feirinha", lá comprei o tal anel porque achei bonito, e usava sem problema nenhum. Um dia uma menina me perguntou se eu defendia a causa... Hum????! Perguntei que causa era esta e ela simplesmente respondeu: a causa... Sem saber que causa era e também sem maior interesse de saber tirei o anel que não tinha nenhuma importância signifivativa e hoje usando as palavras do pastor por causa dos “manicuros/as de plantão” ávidos/as por associar o/a outro/a ao seu grupo ou para rotular..." não acho legal usar não. (isto falo de mim, que fique bem claro e explicado, rsrs)
abraço e fique na paz de Jesus, Nancy.

Estela Maia disse...

O anel de tucum é um símbolo usado por aqueles/as que acreditam no compromisso preferencial das Igrejas com os pobres. O objetivo é resgatar este compromisso e denunciar as causas da pobreza. Este é o compromisso simbolizado nesta aliança, já que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento os profetas e apóstolos afirmam a fidelidade de Deus aos pobres e oprimidos. A aliança de tucum é o sinal desta fidelidade, deste compromisso. Além da Bíblia, a opção pelos pobres é testemunhada também por toda a tradição da Igreja, principalmente na América Latina, a partir do Concílio Vaticano II e das Conferências dos Bispos em Puebla e Medelin. Esta opção é a essência mesmo da vida cristã porque está ligada à imitação da vida de Cristo. Mas esta opção não é apenas uma responsabilidade individual. Neste momento da história, ela implica um compromisso social que está ligado à partilha e acesso à propriedade dos bens absolutamente necessários à vida. Deus está do lado dos pobres porque Deus ama os pobres. Por isso o cristão é chamado a seguir este mesmo exemplo de amor e opção preferencial que tenta promover a dignidade humana. No pobre revela-se o rosto do próprio Deus (Mt 25,40).
No filme “Anel de Tucum", Dom Pedro Casaldáliga explica assim o sentido desta aliança: “(...) Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas.

Edemir Antunes disse...

Irmã Estela,
graça, paz e bem!

Eu conheço a postura de João XXIII, especialmente do Concílio Vaticano II, e do Pedro Casaldáliga. A minha crítica não está endereçada a quem usa ou não o anel de tucum. Critico aqueles/as que fazem deste adereço um campo de batalhas. Os jogos violentos que se dão em torno deste singelo anel denotam que os indivíduos que guerreiam ainda não aprenderam o que é devido a todo/a discípulo/a de Jesus Cristo: "amar a Deus acima de todas as coisas e ao/à próximo/a como a ti mesmo/a."

Um abraço fraterno!

Rajane Weber, OFS disse...

Olá. Paz e Bem!
Primeiramente gostaria de dizer que o anel de tucum é um SÍMBOLO e que, por conseguinte, remete-nos a algo que REPRESENTA alguma coisa. Sendo assim, à parte tudo que foi citado neste blog sobre a aliança de tucum, totalmente corretas diga-se de passagem, creio que hoje em dia ela se caracteriza mais como um lembrete de um COMPROMISSO PESSOAL assumido por aquele que o usa, ou pelo menos deveria ser. Usá-lo ou a outro símbolo externo qualquer com objetivo de se exibir ou de mostrar a pertença a um grupo ou posição sócio-política é, no mínimo, pobreza de espírito. Neste sentido, penso ainda que ao usá-lo deve-se fazê-lo com a humildade, normalidade, silêncio e anonimato como a daqueles que o fabricam. As ações e falas oportunas dos que o usam é que devem demonstrar o que ele representa. Desta forma, mais que asumir a causa indígena ou dos irmãos excluídos, ela hoje deve representar a FIDELIDADE a algum tipo de postura pessoal ou social, isto é, alguma ESPIRITUALIDADE, no sentido de projeto de vida!

Anônimo disse...

OLÁ
GRAÇA E PAZ A TODOS
AO LER TODOS OS COMENTARIOS PERCEBI QUE A SIMBOLOGIA DO ANEL PROVOCA DISCUSSÕES. NA REAL, O PROPRIO JESUS FICARIA INSATISFEITO COM TAMANHA DISCUSSÃO DE CRISTÃOS QUE CONHECEM O EVANGELHO, SEU MESTRE E SUA VONTADE, EM TORNO DE UM SIMPLES, ANEL DE COCO.
PENSO QUE ELE DIRIA "MISERICÓRDIA" DESSES HUMANOS FALHOS, QUE PRECISAM DE UM ANEL NA MÃO PARA LEMBRAR DE SUA MISSÃO, QUANTO MAIS DAQUELES QUE USAM SEM SABER O SIGNIFICADO, OU DAQUELES QUE NÃO USAM POR NÃO QUEREM ASSUMIR PUBLICAMENTE ALGO TÃO COMPROMETEDOR, ASSUMIR O COMPROMISSO QUE DEUS NOS DEIXOU. PAZ IRMÃOS!

Raphael Celestino disse...

Paz de Cristo e o amor de Maria.

Não entendo o porque que nossos irmãos afastados gostam de afirmar que nós, Católicos Apostólicos Romanos, somos idólatras, onde na verdade eles são os maiores idólatras.
Aos interessados, tenho um texto que expressa bem isso, totalmente baseado na Sagrada Escritura. Mande-me um e-mail que lhe enviarei o referido texto.

raphaelcelestino@r7.com

Edemir Antunes disse...

Eu fico pensando na coerência entre pergunta e resposta. Por exemplo, alguma pessoa me indaga: Qual a cor da bicicleta cinza de Augusto? Eis o que eu respondo a ela: Violão de sete cordas.

Grande Raphael, você poderia nos explicar esta brilhante relação entre anel de tucum e idolatria religiosa? Você relacionou dois temas baseado em...?