De tempos em tempos uma “pérola” é lançada neste “meio igrejeiro cristão” causando raivas mil. Santas são quebradas, Papas discursam aqui, Pastores/as respondem lá, orelhas ardem com xingamentos, debates inócuos são retomados, o Evangelho é esquecido e muitas pessoas acabam falhando por esquecer-se de que Reformar católica-pentecostal-e-protestantemente a vida é essencial.
Ao estudar um pouco da História do Cristianismo notar-se-á que foram cometidos diversos atos violentos por parte de “cristãos/ãs”. Esta constatação indica que o pecado não é uma particularidade de determinado grupo religioso. Reconhecer esta realidade é o primeiro passo para que o/a fiel se torne menos desumano, inquisidor/a e semelhante a alguns fariseus que prejudicaram toda a classe farisaica em decorrência da arrogância e hipocrisia testemunhal.
Eu li o seguinte no Evangelho segundo Marcos: “Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. Os escribas e fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos e sim pecadores”. (Mc 2,15-17)
Em seqüência, lembrei-me das palavras de Mario Quintana: “Cuidado! Muito cuidado... Mesmo no bom caminho urge medida e jeito. Pois ninguém se parece tanto a um celerado como um santo perfeito”.
Urge buscar sabedoria do Alto e não se deixar levar pela imprudência de fariseus e celerados. Por conseguinte, talvez seja mais adequado aos/às protestantes abalizarem erros de protestantes, para depois discorrerem sobre os equívocos praticados por católicos/as e ortodoxos/as. Pontuar a iniqüidade cometida ajuda no processo de santificação, todavia o problema está justamente na utilização dos fatos para desqualificar grupos, isto é, agredindo-os (argumentos ad hominem e ad populum – escrevi difícil). Nós aprendemos com Jesus que esta atitude não testemunha o Evangelho, antes fomenta o ódio e as guerras frias-quentes-mornas. Amor e respeito ainda são válidos no tratamento de pecadores/as.
Na Academia é comum o uso da expressão crítica. Esta não significa falar mal, mas se esforçar para ter uma visão mais profunda do caso analisado. No meio acadêmico nem todas as pessoas aplicam em suas vidas um modo de ser como fora citado, no entanto esta postura deve fazer parte do viver de todo/a aquele/a que se afirma discípulo/a de Jesus Cristo. Antes de emitir declarações aguerridas e impensadas, é salutar que se tenha uma concepção mais densa possível da realidade. É certo que ao agir deste modo o erro ainda pode acontecer... agora imagine a pessoa que descarta a realização de uma análise mais apurada. (Ah! Quantas vezes eu já “paguei” pela minha “língua solta, imprudente e cretina”. Deus é minha testemunha!)
Eu aprendi que existem seguidores/as de Cristo em todas as igrejas “cristãs”. Ser neopentecostal, pentecostal, protestante, ortodoxo/a, católico/a não significa necessariamente que a pessoa é cristã. Por outro lado, nestas mesmas igrejas convivem as mais variadas pessoas (clérigas e leigas) com intenções diametralmente contrárias ao Evangelho. Portanto, a nossa tarefa principal é continuar olhando para o Alvo, tomando muito cuidado para não cair e vivendo na dependência do Espírito Santo. Distorções, sujeiras, preconceitos e agressividades estão presentes em todas as burro-cráticas instituições “cristãs”. Cabe a cada um/a o esforço por ser Cristão/ã (sem aspas), em outros termos, buscando uma constante reforma do coração na perspectiva integral do Evangelho (Igreja reformada, sempre reformando).
Lembremo-nos que Jesus Cristo sempre aponta amorosamente para o pecado convocando os/as seus/suas discípulos/as a uma Reforma ininterrupta.
Pare, pense, coce a cabeça e faça diferente.
Graça, paz e bem!
Ao estudar um pouco da História do Cristianismo notar-se-á que foram cometidos diversos atos violentos por parte de “cristãos/ãs”. Esta constatação indica que o pecado não é uma particularidade de determinado grupo religioso. Reconhecer esta realidade é o primeiro passo para que o/a fiel se torne menos desumano, inquisidor/a e semelhante a alguns fariseus que prejudicaram toda a classe farisaica em decorrência da arrogância e hipocrisia testemunhal.
Eu li o seguinte no Evangelho segundo Marcos: “Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. Os escribas e fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores? Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos e sim pecadores”. (Mc 2,15-17)
Em seqüência, lembrei-me das palavras de Mario Quintana: “Cuidado! Muito cuidado... Mesmo no bom caminho urge medida e jeito. Pois ninguém se parece tanto a um celerado como um santo perfeito”.
Urge buscar sabedoria do Alto e não se deixar levar pela imprudência de fariseus e celerados. Por conseguinte, talvez seja mais adequado aos/às protestantes abalizarem erros de protestantes, para depois discorrerem sobre os equívocos praticados por católicos/as e ortodoxos/as. Pontuar a iniqüidade cometida ajuda no processo de santificação, todavia o problema está justamente na utilização dos fatos para desqualificar grupos, isto é, agredindo-os (argumentos ad hominem e ad populum – escrevi difícil). Nós aprendemos com Jesus que esta atitude não testemunha o Evangelho, antes fomenta o ódio e as guerras frias-quentes-mornas. Amor e respeito ainda são válidos no tratamento de pecadores/as.
Na Academia é comum o uso da expressão crítica. Esta não significa falar mal, mas se esforçar para ter uma visão mais profunda do caso analisado. No meio acadêmico nem todas as pessoas aplicam em suas vidas um modo de ser como fora citado, no entanto esta postura deve fazer parte do viver de todo/a aquele/a que se afirma discípulo/a de Jesus Cristo. Antes de emitir declarações aguerridas e impensadas, é salutar que se tenha uma concepção mais densa possível da realidade. É certo que ao agir deste modo o erro ainda pode acontecer... agora imagine a pessoa que descarta a realização de uma análise mais apurada. (Ah! Quantas vezes eu já “paguei” pela minha “língua solta, imprudente e cretina”. Deus é minha testemunha!)
Eu aprendi que existem seguidores/as de Cristo em todas as igrejas “cristãs”. Ser neopentecostal, pentecostal, protestante, ortodoxo/a, católico/a não significa necessariamente que a pessoa é cristã. Por outro lado, nestas mesmas igrejas convivem as mais variadas pessoas (clérigas e leigas) com intenções diametralmente contrárias ao Evangelho. Portanto, a nossa tarefa principal é continuar olhando para o Alvo, tomando muito cuidado para não cair e vivendo na dependência do Espírito Santo. Distorções, sujeiras, preconceitos e agressividades estão presentes em todas as burro-cráticas instituições “cristãs”. Cabe a cada um/a o esforço por ser Cristão/ã (sem aspas), em outros termos, buscando uma constante reforma do coração na perspectiva integral do Evangelho (Igreja reformada, sempre reformando).
Lembremo-nos que Jesus Cristo sempre aponta amorosamente para o pecado convocando os/as seus/suas discípulos/as a uma Reforma ininterrupta.
Pare, pense, coce a cabeça e faça diferente.
Graça, paz e bem!
8 comentários:
Caro Edemir,
Li seu texto com atenção, mas discordo de alguns argumentos. Sou cristã, protestante pentecostal, e, apesar de reconhecer os erros da minha igreja, sim, estou nela porque acredito que dentre as que se apresentam é ela quem me mostra maior proximidade com o que diz a Palavra. Digo isso em relação às igrejas protestantes de modo amplo, que se originaram em movimentos como a Reforma.
Ora, se estou em uma igreja é porque concordo com a base de sua doutrina, com seus dogmas, a maioria de suas práticas, apesar de poder discordar de aspectos que não atingem o cerne da crença professada. Se tudo fosse assim tão relativo, bom, pouco me importaria a igreja, amanhã mesmo estaria assistindo a missa na paróquia local e tomando a hóstia, muito feliz.
Critico, sim, a igreja católica. E não se trata de um argumento ad hominem, ou ad populum. Critico a instituição, o que ela professa como doutrina, seus dogmas e o que ela tem produzido ao longo de sua existência.
Ontem mesmo conversei com um colega de Universidade e de lutas sindicais, também professor. Ele é muito piedoso, uma ótima pessoa, e é católico. Conversamos, sim, sobre religião, e ele me disse que ele também não concordava com o Vaticano, com os escândalos, a adoração a Maria, as estátuas etc., mas que o que importava era a base; disse-me ele que a base era totalmente diferente do comando, e ele fazia parte da base.
Militei no PT, filiada, durante 15 anos de minha vida. Antes de me converter a Cristo já era petista, talvez por isso nunca tenha concebido uma igreja que não se colocasse contra as injustiças sociais, a desonestidade, a corrupção, a falta de ética. Aliás, há um texto muito bom que foi publicado em uma edição da revista Caros Amigos a esse respeito, devo postá-lo no meu blog nesta semana que vem.
Eu era o que se chama, no PT, de "base", essa que participava de núcleo, panfletava nas ruas, carregava bandeiras, organizava encontros setoriais etc. E, no momento que ficou claro pra mim que a liderança do PT e sua prática não mais correspondiam às suas bases, aos seus paradigmas, projetos históricos, objetos da fundação e da própria existência do PT durante anos, então escrevi uma carta aberta ao partido, enviei a Brasília e pedi minha desfiliação. E continuo minha luta, sim, porque o PT mudou, mas eu continuo socialista.
Então eu também questiono, seguindo o mesmo raciocínio, o católico que está na base da instituição, que conhece sua prática, que sabe de suas distorções e vê claramente o grave distanciamento entre cúpula e base e ainda assim continua na igreja.
Vou ser bem franca, creio que o papa é um ser humano que lá está e que será substituído um dia, e depois esse outro também, e assim sucessivamente. Não falo do papa, nem dos católicos, mas da instituição. Creio, realmente, que a igreja católica é politeísta. A infinidade de santos, de deusas, semi-deuses, enfim, o próprio, papa, infalível, mediador entre Deus e os homens, tudo isso não faz mais do que negar o cristianismo, o centro do cristianismo. Assim como a doutrina espírita. Ora, se consideramos os católicos cristãos, deveríamos considerar os espíritas também cristãos. Eles deveriam estar contemplados em seu texto. Porque tanto espíritas quanto católicos consultam os espíritos dos mortos (necromancia). Ambos crêem em Jesus, mas acham que a salvação se dá por obras, e não mediante a fé, essa fé que nos é dada por graça, e não por merecimento, e que é dom de Deus. Ora, ser salvo por obras ou reencarnar, no final das contas, é praticamente o mesmo. Quem não conseguiu terminar suas "obras" em uma vida, volta na outra para fazê-las. Ou fica no purgatório, pra poder chegar ao céu, assim como as crianças não batizadas vão para o limbo.
Não gosto do discurso relativizante que inclui católicos, ortodoxos, protestantes no mesmo pacote "cristão".
Veja, os muçulmanos respeitam muito Jesus. Para eles, Issah é um profeta, é sagrado. Assim, eles também deveriam estar contemplados em seu texto. O fato de Maomé ter sido o último e mais importante profeta não se diferencia tanto em importância do fato de que os católicos adoram, reverenciam Maria e a aclamam como mediadora entre Deus e os homens. Não só Maria, mas uma infinidade de santos e santas. Nisso tudo, tanto Maria e os santos como Maomé, de certa forma, tomam o lugar que é só de Cristo -- único mediador entre Deus e os homens. Com a diferença de que Maomé é um profeta, e os muçulmanos não fazem suas orações para ele, mas para o Deus único, Alah, e não cultuam imagens, estando eles, em minha opinião, mais próximos do cristianismo que a igreja católica, pela lógica. Um verdadeiro muçulmano jejua, faz o bem, lê o Corão, enfim, busca a santificação...
Nunca me foi tão claro, em minha vida, que catolicismo não é cristianismo, e que por isso não sou católica, nem romana nem ortodoxa. Espiritismo não é cristianismo, por isso não sou espírita. Islamismo não é cristianismo, não sou islâmica. Respeito os muçulmanos, os católicos, os espíritas. Tenho que dizer isso porque qualquer crítica à igreja católica romana, hoje, nesse ecumenismo torto que muitos protestantes tentam levar adiante, é vista como "preconceito", e não conceito. É tida como farisaísmo, inquisição, e não fruto de meditação na Palavra, de conhecimento bíblico, de coerência pessoal.
Tenho amigos que professam diversas crenças, tanto aqui no Brasil quanto no exterior. Mas não por conta da amizade vou fechar meus olhos para o centro da questão que você levanta, que não se resume a olhar primeiro para os erros das igrejas protestantes, mas de ver a base teológica de cada doutrina e prática religiosa, o que é bem mais profundo e exclui qualquer argumento ad hominem ou ad populum, mas se fundamenta na própria essência de cada crença.
Gostaria de publicar seu texto em meu blog, posso?
Um abraço, Graça e Paz,
Soli Deo Gloria
Caro Edemir,
Uma Igreja reformada, sempre reformando. Não é, em absoluto, o que faz nossa dita Igreja protestante. A vocação protestante (princípio protestante, na terminologia de P. Tillich) perdeu lugar para um festival de falácias que caminha a anos luz daquilo que na Academia chamam de "crítica".
Um forte abraço.
Irmã Maya,
graça, paz e bem!
Ainda bem que existem pessoas que não concordam comigo. Eu acho que o mundo ficaria muito monótono se todos/as concordassem comigo – provavelmente com o passar dos anos eu me sentiria “o bom”.
Consideração I: Você inicia afirmando que dentre várias igrejas cristãs a que tem uma maior proximidade com a Palavra é a que você está freqüentando hoje. Mas, é necessário pontuar que esta é a sua experiência. Outras pessoas que congregam em outras Comunidades de Fé possivelmente afirmam que na perspectiva delas as suas congregações são as mais fiéis à Palavra. Eu não sei se você confrontou a práxis da “sua” igreja com todas as que se apresentam hoje. Se você fez isso eu tenho que parabenizá-la. Poucas são as pessoas que tem essa disposição. Digo disposição porque para realizar este intento... alguns anos precisaram ser usados... muito material deve ter sido coletado... muitas experiências foram adquiridas.
Consideração II: Outra idéia sua é que não há necessidade de prestar atenção ao protestantismo (cuidar primeiramente de si), para depois discorrer sobre outras igrejas cristãs. Eu aprendi com Jesus que é preciso primeiramente tirar a trave do olho antes de apontar o cisco do outro/a. Pois bem, eu vou pontuar algumas ocorrências que se dão no protestantismo (que atingem diretamente o cerne da fé professada) para lhe ajudar a pensar em mudar de opinião:
1. Em várias igrejas está em vigor a radicalização do individualismo: eu exijo de Deus o quero; eu quero a minha bênção, o meu milagre, a minha cura, a minha salvação (embora este assunto não esteja na moda evangélica), a minha promessa, a minha restauração, a minha prosperidade. Isso se expressa também no fato de que muitas pessoas vão aos lugares de culto com a intenção de buscarem as “suas” coisas/bênçãos. Tudo isso se mostra muito natural, mesmo porque essa realidade é vivida cotidianamente. Se a igreja reforça isso naturalmente, a maioria dos/as crentes não vê problema uma vez que está sendo feito em nome de Jesus. Tudo o que é feito em nome de Jesus é válido. O centro do culto deixa de ser Deus e passa a ser a pessoa. Se você está falido/a é só ir à igreja porque ali existe uma porta cósmica que liga os/as fiéis ao banco do Céu – Como Deus é uma entidade dos negócios expert-mega-super-infinitonário então fale com Ele por intermédio do Pastor/a ou da Apóstolo/a (reencarnação?) e tudo se resolverá. Muitos/as deixam de cantar “Ele exaltado, o Rei exaltado” para declararem: “Ego exaltado, o meu Ego é exaltado”. Não é preciso adorar santos/santas para cometer idolatria, colocar-se acima de Deus é idolatria. Quer “mandinga” maior que Bíblia aberta virada para a porta, água abençoada pelo rádio, bugigangas de Israel etc. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
2. Em muitas igrejas ocorre também o reforço do despertamento do desejo particular pelo capitalismo contemporâneo. Este é traduzido por prosperidade concedida por Jesus: Deus me colocou como cabeça e não como cauda; Eu sou filho/a do Rei, logo tenho que ser rico/a. Vive-se um consumismo terrível. As bênçãos estão demarcadas por envelopes e cada envelope corresponde a um valor: “bencinha” – R$ 50; “bênção” – R$ 450; “bençona” – R$ 1800; “bençona-mega-plus” – R$ 22.000. Além disso, usa-se o dízimo e a oferta como instrumento de opressão. O que era para ser ação de graças, torna-se “assalto à mão armada”: “Se você não der dinheiro/primícia a maldição, a morte, a doença, o gafanhoto e o pecado virá sobre a sua casa.” Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
3. A igreja que oferece o produto religioso “Deus” tem que estar ciente do perfil do fiel/consumidor. Pois, se ele/a não for bem atendido e receber a sua benção imediata, ele/a irá para uma igreja que tenha uma oração mais forte e eficaz. Somando-se a isso o/a consumidor/a quer ter fortes emoções, se isso não ocorreu é porque a igreja não tem poder. Quanto mais prazer melhor. É o hedonismo vigente. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
4. O/A crente é medido pelo que tem e/ou pode oferecer. Isso é a reificação do ser humano em nome de Jesus. De um Jesus que não está nem aí para quem sofre. Quem sofre não tem fé ou está em pecado. Além deste aspecto, há também o endeusamento de pastores/as, de profetas, de líderes de louvor, de ministérios de música, de palestrantes, de gente que ora entre outras coisas. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
5. A transformação do culto em “Teatro e Mercado”. Luzes coloridas, gelo seco, cores, fãs e muitos “gritinhos”. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
6. A aversão à pregação de uma vida cristã marcada pelo compromisso. Afirmam alguns: compromisso não dá “ibope”, não enche igreja, não gera “renda”... então nós falamos só de “bênção”. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
7. Ausência de profetismo à semelhança da Bíblia. Porque hoje o que se vê mais na atualidade é a “vidência evangélica”. Quero lembrá-la que os objetivos da profecia bíblica são: trazer harmonia para toda a vida; restaurar a aliança com Deus; recuperar os valores que Deus ensina como úteis para a vida integral e que podem causar desajustes familiares, sociais, morais, emocionais e religiosos se não forem considerados. Em outros termos, a profecia bíblica denuncia a idolatria religiosa, a idolatria política, a idolatria jurídica, a idolatria econômica, a idolatria social, a idolatria familiar e propõe mudanças em nome de Deus. Então os assuntos que formam o conteúdo da profecia bíblica são: Promoção da justiça, do juízo, da misericórdia, do perdão, da reconciliação, do direito, da conversão, da libertação, da paz, da unidade, da salvação e do amor. (Se estes elementos não são contemplados nas profecias contemporâneas... desconfie!) Quero relembrá-la que a necessidade básica do profeta bíblico é manter uma comunhão com Deus mais próxima, agir com amor no relacionamento com as pessoas, meditar sobre as Escrituras, enfim, procura viver para servir. Sendo assim, a característica principal do profeta bíblico é a crítica. A crítica, não é uma fala maldosa, mas sim uma fala mais profunda da realidade em que se está inserido/a. Ser crítico/a é ter discernimento para perceber quais são as características positivas e negativas próprias, da outra pessoa, de um grupo social e de toda a sociedade. Neste sentido, o profeta sabe quais são os seus pontos fortes e fracos e por isso mesmo ele tem sensibilidade para compreender com o máximo de profundidade possível aquilo que está ao seu redor. A crítica é uma marca própria de quem profetiza, ela é concedida por Deus e deve ser desenvolvida por quem foi vocacionado para profetizar. Em suma, se não há profetas na igreja, quem é a favor de benefícios próprios em nome da fé se dá bem. E o povo perece por falta de conhecimento e de direcionamento. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
8. Não há equilíbrio entre experiência, razão, tradição e criação. Experiência tem a ver com uma vida de oração, jejum e meditação. Quando isso falta a fé deixa de ter sentido e quando só se enfatiza a experiência os/as crentes vivem no estado de alienação. Razão está relacionada com reflexão, observação e análise. Quando esta falta qualquer coisa se torna “verdade” e quando ela se torna o centro experimenta-se um intelectualismo vazio que não serve para nada. Tradição diz respeito a bagagem de experiências com Deus que ocorreram no decorrer da história. Quando você a descarta as pessoas ficam sem raízes e sem rumo, quando você a supervaloriza mergulha-se numa cristalização da fé que nega o dinamismo do Espírito Santo. Criação indica para tudo aquilo que Deus criou. Quando eu a desprezo deixo de perceber que a Criação manifesta a glória de Deus logo eu destruo, desmato e assassino. Se eu supervalorizo vivencio um paganismo sem eira nem beira e esotérico. O que mais se nota por aí são esses desequilíbrios. Essa constatação atinge diretamente o cerne da fé.
9. Vou pontuar mais algumas de forma breve: descompromisso com o Evangelho do Reino; uma liderança clériga e leiga mercenária; um exercício do poder sem amor; barganhas com Deus; um superficial avivamento; a Graça transformada em des-graça; tendências aos tradicionalismos, avivalismos, progressismos, institucionalismos, conservadorismos, partidarismos, legalismos, cerimonialismos, emocionalismos, superficialismos, espiritualismos, narcisismos, intelectualismos, plasticismos, crentismos, cretinismos, esquisitismos, entre outros ismos que atingem diretamente o cerne da fé.
Consideração III: Em igrejas conciliares o que vale é opinião da maioria (aproximadamente 51%). As pessoas que não concordaram com a postura aprovada oficializam o seu protesto e buscam amorosamente trabalhar o seu ponto de vista com outros/as irmãos/ãs – ato que comumente ocorre a fim de que no próximo conclave o assunto retorne à pauta e seja revisto e discutido. Por isso, há possibilidade das pessoas que se acharam prejudicadas permanecerem na igreja trabalhando em prol do Evangelho apesar das diferenças. Como eu mencionei o termo “possibilidade”, fica em aberto a saída ou não dos/as contrariados/as. Se o membro desta igreja estiver disposto a “optar” profeticamente pela transformação da instituição que ele congrega é necessário respeitar opinião majoritária e seguir em frente com o propósito.
Consideração IV: Se você critica tudo o que a Igreja Católica produziu você critica as bases bíblico-teológico-pastorais da sua própria fé. Pois esta é resultante de um acúmulo de experiências que passam pelo Catolicismo influenciando as igrejas cristãs até hoje. Por isso, eu sugiro que você haja com sabedoria. Não descarte tudo. Aprenda com as boas e más produções.
Consideração V: Cuidado com a imprudência, pois quando você manipula sofisticamente os meus argumentos para dar abertura ao Espiritismo, Islamismo ou qualquer outra religião você distorce a minha opinião e a minha fé. Eu não lhe dei este direito e entendo que é um péssimo exemplo de sua parte a muitos/as leitores/as que visitam este blog – especialmente com os membros da Igreja à qual eu pastoreio e os/as alunos/as do Seminário Assembleiano Betel que eu dou aula. Eu sou discípulo de Jesus Cristo, cristão, pastor e me sinto afrontado com este descomedimento de sua parte. Sensibilidade espiritual, inteligência, clareza e honestidade são imprescindíveis para aquilo que eu creio ser vida cristã.
Consideração VI: Até onde eu sei o movimento ecumênico nasce no protestantismo e com o passar dos anos ganha adeptos/as das igrejas católicas, ortodoxas e pentecostais. Somando-se a isso, a proposta principal do movimento é a unidade dos/as cristãos/ãs. Esse “papo” de ecumenismo como reunião de todas as religiões é resultante de desinformação completa. Todavia, eu preciso deixar claro que a forma-conteúdo-projeto do Ecumenismo atual “cristão” em grande parte não me satisfaz como discípulo de Cristo. Logo, eu não me encaixo no tal “ecumenismo torto”, tampouco no ecumenismo que mencionei.
Consideração VII, para descontrair: eu não sou nem socialista e nem capitalista. A minha visão de Reino de Deus não me permite este tipo de opção. Eu aprendo muitas coisas com as duas abordagens sócio-político-econômicas, no entanto eu não defendo nenhuma bandeira. Não preciso de flâmula para sinalizar que sou um cidadão que tem consciência política (fé cidadã).
Consideração VIII: Não existe protestantismo, mas sim protestantismos. Eu estudo a religiosidade evangélica (protestantes, pentecostais e neopentecostais) a partir da sociologia, portanto, apesar de uma tentativa de homogeneização imposta por determinados pentecostalismos midiáticos, o fato é que na pesquisa de campo constata-se que a heterogeneidade está em vigor. No que concerne ao Catolicismo e Pentecostalismo, o mesmo pode ser dito. Se você estudar as teologias destes protestantismos, pentecostalismos e catolicismos todos você perceberá que as diferenças são profundas.
Irmã Maya, você gostando ou não do ”pacote” que apresento, no meio dos grupos “católicos, ortodoxos, protestantes, pentecostais e neopentecostais existem discípulos/as de Cristo e seguidores de outras coisas sim. Eu não sei a razão da sua fixação com relação ao Catolicismo. Provavelmente, seja fruto de frustrações, decepções, raivas, ódios, mágoas ou a necessidade de se vingar da religião que a “aprisionou” durante muitos anos. Você precisa entender o que se passa em seu coração e experimentar a cura que o Espírito Santo tem para oferecer. Cuide-se irmã. Busque ser discípula de Jesus acima de tudo. Eu estarei orando por você. Espero estar errado com as minhas suspeitas a seu respeito... ficarei mais feliz assim.
Se você quiser colocar o texto em seu blog juntamente com todo esse comentário que fiz fique à vontade.
“Seja a paz de Cristo o árbitro em seu coração”
Felicidades!
Edemir,
Longa, a sua resposta. E, como não veio de imediato, deve ter sido também longamente pensada. Tenho muito a dizer sobre o que você coloca. Primeiro, não falei do Espiritismo para ofendê-lo, de modo algum. Inclusive porque respeito os espíritas, inclusive, assim como os católicos. Cresci em uma família cristã, de maioria protestante, e não vejo nada de errrado em repudiar uma instituição que, penso eu, é falida. Não há nada que me feriu, nada no meu inconsciente ou em meu passado, como você crê. O que há é clareza do que penso e certeza das ideías que tenho.
Há outras coisas mas não estou em casa agora, tenho um compromisso e só vou chegar em casa mais tarde. De lá posso escrever com mais calma.
Não concordo, de jeito algum, com a mercantilização da fé que fazem muitos protestantes, sobretudo neopentecostais. Não concordo com a Bíblia como amuleto em casa, certa vez falei inclusive sobre isso na net. Mas não me agrada, sinceramente, a prática católica. Ela se arroga a dona do cristianismo e, através dos séculos, mesmo em sua fundação, foi sobretudo uma instituição política e partidária (não falo de partidos políticos, falo de classes, de segmentos sociais).
Não acho que o protestantismo seja dono da verdade, mas creio que a própria Reforma está inserida em um contexto de re-pensar as práticas, o que jamais fez o catolicismo, não de maneira profunda. E, sinceramente, não creio mesmo que catolicismo seja cristianismo. Entendo seus argumentos, mas não concordo com eles. E, se comparo o catolicismo ao espiritismo ou ao islamismo, não vejo ofensa nenhuma nisso porque vejo semelhanças entre essas religiões, tanto na prática quanto na teoria.
Lutero não queria fundar uma outra igreja, assim como Jesus veio para os seus, maas a História nos conta que com Jesus se iniciou o cristianismo e com Lutero o movimento protestante, negando diversas práticas e muitos dogmas da fé católica. Posso me colocar, sim, contra o catolicismo. Não contra a Bíblia, mas contra a instituição.
Ok, meu tempo já se foi. Posso falar mais depois.
Um abraço,
Mayalu
Irmã Maya,
eu estou mais do que convencido que o seu propósito é criticar o Catolicismo. Vá em frente. Há material suficiente para isso. Os pecados são muitos.
No mais, prossigamos fundamentados/as naquilo que experimentamos e alcançamos até agora.
Graça, paz e bem!
Prezado edemir,
Criticar ou não o catolicismo não é o centro da questão. Há dias tenho pensado e refletido acerca de sua resposta mas não tenho tido tempo, realmente, para me sentar e redigir o texto que já tenho em mente. Atualmente estou muito ocupada, não me resta tempo livre.
Ainda que meu propósito fosse criticar o catolicismo, pura e simplesmente, creia-me, irmão, eu teria esse direito. Mas vou além disso. Questiono dogmas, crenças, fatos e práticas. Não se trata de uma antipatia pessoal, como seu comentário, salvo engano, deixa transparecer. O que penso é, disse, repito, fruto de reflexão, leitura, esclarecimento. Não abro mão do que defendo. Dicuto, pondero, no livre exercício do debate. Mas defendo o que creio ser honesto e justo, até que me convençam do contrário. E estou aberta a me deixar convencer. Quantas e quantas vezes em minha vida mudei de ponto de vista, abri mão de idéias, de conceitos e de pré-conceitos. Não há nada mais saudável do que a mudança. A realidade é composta por mudanças. Por isso mesmo, quando você me diz, em sua resposta, que negar o catolicismo é negar a origem da própria igreja protestante (se não me engano sua idéia foi essa), lembro-me do velho bordão de loavoisier: na natureza nada se cria, nada se forma, tudo se transforma. Nada nasce do que não é, a não ser a obra de Deus, que nasceu da sua Palavra, da sua vontade. A cada tese sobrevém uma antítese, de cada síntese obtém-se uma nova tese e assim sucessivamente. A história é feita continuamente nesse movimento dialético. Não existiria teoria marxista sem o capitalismo. E nada há mais contrário ao capitalismo que o comunismo. É com base nas contyradições do próprio capitalismo que existem as condições de existência do socialismo. Assim, de modo semelhante, vejo a relação colocada entre igreja católica e protestantismo. Claro, com outras bases, outros fundamentos, em outro momento da História mas inserido na História, no tempo.
Tenho mais ainda a dizer.
Não sou uma aventureira eu tampouco, tenho meus alunos eu também na Universidade, sou pesquisadora, fiz pós-graduação, procuro ser ética em minha profissão e tenho bases teóricas, teológicas e sociológicas para afirmar o que digo. Não reduza meu pensamento a uma simples birra ou a uma atitude leviana e irresponsável. Isso me ofende.
Um abraço,
Em Cristo,
Mayalu Felix
Irmã Maya,
os seus questionamentos são válidos e justos - não acho que é "birra". Eu só não concordo com o modo.
Graça, paz e bem!
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